quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Diga não à corrupção. Independentemente do tamanho dela.

Pessoas,

depois que a Jaqueline Roriz foi absolvida pela Câmara dos Deputados, assustaram-me as manifestações de indignação de toda parte do mundo como se isso fosse inesperado. Talvez porque eu já perdi as esperanças de ver nosso Brasil decente, porque a corrupção é quase cultural. Teoricamente, as pessoas ficam indignadas com a corrupção, mas quando essa corrupção as beneficiam, todas mudam de postura e nada é tão grave assim.

Ocorreu-me que tão ou mais importante quanto ir à Marcha da Corrupção ou demonstrar a indignação publicamente é combater a corrupção rotineira, que está dia a dia bem a nossa volta, todo tempo, fazendo parte do cotidiano e geralmente é praticada por pessoas que conhecemos ou convivemos.

No serviço público, isso é bastante fácil de visualizar e até explica a má fama dos servidores públicos. Sabe o médico do hospital público que "nem vai lá....", não cumpre a jornada e deixa as pessoas mais necessitadas sem atendimento? Sabe o outro profissional da saúde que mete um atestado no serviço público, mas continua atendendo no consultório particular? Isso me parece  muito mais grave que a Jaqueline Roriz ter ganhado dinheiro ilegal. 

Sabe o colega que usa o telefone do serviço público pra não usar o de casa e faz interurbanos sem fim pra família que mora longe? Conhece alguém que fala com o maior orgulho que "ganho para trabalhar 40 horas, mas só trabalho 20"? E quem assina o formulário de hora extra sem ter efetivamente trabalhado mais que a jornada regular? Isso também é ganhar, ainda que indiretamente, dinheiro público ilegalmente. 

Fora os concurseiros que estão "loucos para passar num concurso para não fazer mais nada"? Por amor à pátria, torço para que Deus os mantenham longe do serviço público.

Sem falar nas famosas emendas de feriados, nos atestados médicos falsos para viajar, nas licenças remuneradas baseadas em falsos motivos. Na época de eleições sempre tem aquele que candidata-se, fica 3 meses em licença de atividade política remunerada para fazer a campanha política, mas o que a pessoa faz mesmo é outra atividade remunerada. Tá mamando nas tetas do Estado ou não?

Na vida particular, os exemplos da corrupção banalizada no dia a dia são infindáveis. Sabe aquele que tenta corromper o policial para não pagar a multa? E quem sonega imposto? E quem não assina a carteira da empregada doméstica? E quem compra produto pirata? 

Isso tudo é corrupção, porque é passar a perna no Estado. E, em alguns casos, como o do médico que deixa de atender quem mais precisa (foi mal médicos, a responsabilidade da profissão  é proporcional à necessidade e benefício...), é, além de tudo, um comportamento desumano.

Além de que, se pessoa surrupia $$$ público pra fazer uma ligação interurbana, arranja falso motivo pra não ir trabalhar e continuar recebendo o salário, imagina o que ela não faria por 1 milhão de reais. 

Eu acredito, sinceramente, que a limpeza tem que ser feita de baixo para cima, do pequeno para o grande, do pouco dinheiro para o muito dinheiro, seja ele em forma de salário ou não. Se esses "pequenos" comportamentos não forem combatidos, nada mudará. Porque a dobradinha "os parlamentares são os representantes do povo" é verdade. Saindo os corruptos que lá estão, existem milhões de corruptos para substitui-los.

É isso. Diga não à corrupção. Independentemente do tamanho dela.

Beijocas. Vanessa

4 comentários:

  1. Concordo. E aquele "amigão" que fica te devendo dinheiro por zilhões de tempos e esbanjando uma vida glamourosa por aí também é digno de ser taxado de corrupto. Ahhh se é!

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  2. Eu também não fico comovida com tanta gente na rua, porque muitos ali, estão mais para a baderna do que por uma causa em si.
    Também me chateia, porque antes de se funcionária pública eu já tinha essa visão e agora, daqui de dentro, posso falar com mais convicção ainda.
    Brasileiro não é honesto.
    E sempre será mais fácil criticar o outro do que fazer algo.
    Corrupção é muito amplo.
    É triste, mas é real.

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  3. Excelente post Vanessa, parabéns.

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  4. Minha consciência está tranquila. Fiquei doente de tanto trabalhar sem por em questão salário ou governo. Fiz a minha parte e ensinei a meus filhos que deviam agir assim. Meu filho fica furioso porque seus colegas fizeram concurso, mas não querem trabalho. Isso é triste. A gente vê ocorrer a nossa volta. Vê enfermeiras doando a seus amigos sacolas de medicamentos que deveriam ir para quem pede no balcão e tem seu pedido negado. Vê médicos que nem olham para o paciente e receitam qualquer coisa. O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever. Simples assim. Mas vai esperando...

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