sexta-feira, 4 de novembro de 2011

África do Sul - Outubro/2011 - Como ir, deslocamentos, dinheiro (qual forma vale mais a pena?), estradas e etc..


Pessoas, 

viajar é tudo de bom, né? Mas, ir e voltar é chato demais! Milhares de horas de avião, comida meia boca, sono (quando possível) da pior qualidade, etc e tal. Sorte que nos trechos longos têm bebida alcoólica e filminhos legais :)

Passaporte e Visto

Para ir à África do Sul, brasileiro não precisa de visto para estadias de até 90 dias para turismo,  estudo ou negócios. Precisa de passaporte com validade de até 1 mês da data de retorno e 2 folhas em branco, porque, teoricamente, o carimbo de controle de entrada na África do Sul ocupa uma folha inteira. Isso é o que dizem todos os sites de consulados e afins que você consulta. Na verdade, o carimbo é bem pequenininho. Não entendi.

Certificado Internacional de Vacina contra a febre amarela

Outro detalhe importante é a necessidade do Certificado Internacional de Vacina contra a febre amarela, que deve ser tomada pelo menos 10 dias antes da viagem. Veja bem: tem que ser o certificado internacional. Nós já o tínhamos por causa de uma viagem à Venezuela, mas no site da Anvisa, aqui, tem informações de como adquiri-lo. Basicamente, você leva seu cartão de vacinação a um dos postos que emitem esse certificado internacional. No aeroporto de Brasília tem um posto desses.

Carteira Internacional de Habilitação e Aluguel de carro

Se você pretende alugar carro por lá, é preciso ter a Carteira Internacional de Habilitação. Entre em contato com o Detran da sua cidade e pegue as informações específicas, mas basicamente consiste em pagar uma taxa, que não é barata (algo tipo R$ 200,00), e depois ir buscá-la. Cuidado com o prazo, pois lembro que a minha demorou algo em torno de 1 mês ou mais para ficar pronta.

Alugamos o carro pela Europcar, a opção mais barata dentre as locadoras que você consegue reservar pela internet e das poucas que não apresentam restrições de horários para retirada e entrega de carro. Acreditam que não consegui fechar uma cotação pela Avis para retirar o carro em Port Elizabeth às 19h, porque o site informa que o posto fecha às 18h. E nem para entregar o carro às 5h da matina na Cidade do Cabo, porque só abriria às 6h ou 7h. Fiquei chocada. Em pleno outro, época de temporada. Porém, quando fui retirar o carro pela Europcar, tinha um atendente no posto da Avis, ao lado, mas como a pessoa vai saber?  Dane-se, a Europcar era mais em conta mesmo.

Na África do Sul, a direção é inglesa, invertida. Não é difícil, pelo contrário, logo você acostuma, mas a primeira vez é meio tenso. Dica de ouro: alugue um carro automático. A diferença de valor não é muita e isso facilitará muito a sua adaptação à direção invertida, além de ser uma boa vantagem para os dias restantes em cidades diferentes com regras de trânsito invertido às quais você não está muito acostumado.

Um esclarecimento: o trabalho de direção é em equipe. Assim, a garota Vanessa dirige, o garoto Vinicius diz pra onde. É que ela é melhor no volante que com  mapa/GPS. Ao invés de alugar o GPS, nós o compramos pelo site Kalahari, uma espécie de Submarino de lá (peguei a dica com o hotel de Jeffrey's Bay - simples assim: mandei e-mail, eles responderam), e pedimos pra entregar no local da nossa primeira parada, no Tshukudu Game Lodge. Deu tudo certo - quando chegamos à etapa da viagem onde dirigiríamos, já estávamos com o GPS em mãos. Mesmo tendo vários GPS de amigos à disposição, optamos por comprar um GPS por lá que já vem com o mapa da África do Sul, pois o valor só do mapa é quase o do GPS! A mesma coisa de comprar uma impressora nova ou somente o cartucho de tinta, sabem? 

Pegamos um Polo Sedan 1.6 (por 5.510,65 randes ou 695,42 dólares, 13 diárias). Era um bom carro, novíssimo e tals, mas meio molenga, sabem? Quando chegava a 120km/h, eu já sentia o carro instável e reduzia a velocidade. Impossível não lembrar e comparar como "meu" Audi A3 nas estradas da Alemanha, que, aos 120km/h, ele tava sempre me dizendo: eu preciso de maaaaaaais, eu preciso de maaaaaaaais!!! Aí, eu fornecia :)

Quanto às estradas, a África do Sul tá muito de parabéns. Não perde em nada para a Europa. Estadas perfeitas (tapetões), sem nenhum remendo, muito bem sinalizadas (torna o GPS quase inútil, mas eu não o dispensaria, porque ele te dá liberdade de sair da rota), com motoristas educados e policiamento frequente. Só pagamos pedágio, de 35 rands, num trecho dentro do parque Tsitsikamma, na Rota Jardim. Considero nada pelo tanto que rodamos.

E quanto à paisagem ao redor das estradas, a África do Sul tá mais de parabéns ainda! A Rota Jardim (que vai de Port Elizabeth até a Cidade do Cabo, pela via N2), faz jus ao nome: as plantas, flores e árvores ao redor parecem perfeitamente cuidadas como um jardim de gente rica. É a coisa mais linda e perfeitinha do mundo. Todos os trechos da viagem viram passeios! Onde não tem jardim, há montanhas, plantações, mar. Todos lindos de se ver.

Nas estradas, muito cuidado com os animais! Existem várias placas avisando sobre a possibilidade deles atravessarem a rua, e acontece mesmo. Reduzi a velocidade para dar passagem aos macacos e também vi macaco esmagado atropelado na pista :( 


O preço da gasolina é bem parecido com o daqui (pouco mais de 10 rands o litro - uns 2,50 reais) e o detalhe importante é que os postos de gasolina só aceitam dinheiro em espécie.

No mais, não fomos parados nenhuma vez e tudo correu absolutamente bem. Nas cidades, grandes ou pequenas, atrações e afins sempre tem estacionamento que, quando pago, é uma micharia. Só como exemplo: na Cidade do Cabo, fomos no restaurante The Opal Lounge (um dos melhores, ou o melhor, da viagem) no Gardens, numa rua cheia de bares bacanas, e o estacionamento na rua, coberto, custa ZAR 10,00 (uns R$ 2,50) por toda a noite. No Victoria & Alfred Waterfront, lugar super turístico e cheio de coisas de luxo da Cidade do Cabo, deixar o carro o dia todinho no estacionamento custa uns R$ 12 reais. Se esses preços matam até brasiliense de raiva, imaginem como se sentem os paulistanos!

Moeda: dinheiro, travel money, cartão? Que confusão!


A moeda da África do Sul é o Rand. As notas são lindas, com os Big Five :) Não esqueça de reservar uma de cada para o álbum de fotos. Cada real vale em torno de 0,25 de rands. 


Achamos importante levar um pouco de dinheiro em espécie, para podermos ao menos comprar uma água no aeroporto. A questão era: como comprar?? Quando se vai para Europa ou EUA, a situação é fácil: você começa perguntando pros amigos se alguém tem uma sobra de dólar ou euro e, se ninguém tiver, vai ao Banco do Brasil e compra. Mas e com os Rands? O BB não vende e é muito pouco provável que você tenha algum amigo com Randes sobrando.....


Acabamos indo à Confidence, aquela operadora de câmbio que tem lojinhas em todos os shoppings da cidade. Ao perguntar sobre o dinheiro em espécie (que, no caso dos Rands precisa ser reservado com 48h de antecedência), a atendente nos ofereceu também o Visa Travel Money, que é um cartão de débito pré-pago. Ele tem uma cotação mais atraente que a do dinheiro em espécie. Mas porque usar o VTM ao invés do cartão de crédito? Nossa política em viagens sempre foi usar pouco de dinheiro em espécie e o resto todo no cartão de crédito, para acumular as amadas milhas. O problema é que a Dilma decidiu carregar o IOF nas operações externa com cartão de crédito, o que nos assustou um pouco - após algumas contas de cabeça, decidimos usar o máximo possível de VTM, deixando o cartão de crédito como última opção. 


No fim das contas, usando um pouco de tudo: dinheiro em espécie, VTM, cartão de crédito e até cartão de débito comum - teve uma compra por lá que fizemos, sem querer, em débito em conta (o caixa não perguntou crédito ou débito). Pergunta de ouro: qual vale mais a pena?


Bem, como dissemos, o IOF tá pesado para o cartão de crédito - 6,38% contra 0,38% para todas as outras formas. Mas não é só o IOF que pesa: as cotações das instituições são bem diferentes. Fizemos um comparativo entre o custo efetivo final de cada forma de pagamento com o custo "perfeito", baseado na tabela de cotações do site do Banco Central do Brasil. Surpreendam-se:

  • cartão de débito comum*: 7,01% de ágio; 
  • cartão Visa Travel Money: 11,89% de ágio; 
  • cartão de crédito: 11,97% de ágio; 
  • compra de dinheiro em espécie: 18,09% de ágio.

*Observação: o BB realizou o estorno do valor relativo à compra feita com o cartão de débito e do valor do IOF, e depois cobrou novamente, só que um valor um pouco menor. Não entendemos nada, mas como foi a menor nem vamos atrás. O caso é que a compra original tinha saído R$ 104,18 (produto) + R$ 0,39 (IOF). Depois do estorno veio só uma cobrança no valor de R$ 99,72. O ágio mostrado na tabela acima levou em consideração o primeiro valor, que parece fazer mais sentido..... se levarmos em consideração o valor pós estorno, o ágio cai para 2,04%, ou seja, deixa o valor cobrado muito perto do valor "perfeito".

O que aprendemos? Nada de Visa Travel Money - use débito comum (que é o mais barato) ou cartão de crédito (que tem o mesmo preço, mas gera milhagem. Dói lembrar que deixamos de ganhar umas 6 mil milhas!!!). O dinheiro em espécie é caro, mas isso era esperado - e sempre temos de levar ao menos um pouquinho. O resto, se necessário, pode ser sacado fora. Neste caso, é importante lembrar de sacar o menor número de vezes possível, pois há uma tarifa fixa incidindo em cada operação.


Viagens aéreas.


Os trechos longos, Brasília-Johanesburgo, na ida, e Cidade do Cabo-Brasília, na volta, emitimos por milhas da TAM, 20 mil cada trecho. 


Fizemos os trechos nacionais pela própria TAM. Os internacionais, pela parceira SAA, South African Airways. Ótima companhia. Tinha bom sistema de entretenimento (filmes, música e jogos). Menos o frio de matar do maldito ar condicionado, que os cobertores e travesseiros não venciam. Começamos a notar que os africanos falam inglês com muito sotaque - não era muito fácil entender o que diziam. Além disso, a aeromoça era um pouco rude em alguns momentos - nunca ao falar conosco (não era uma questão de desrespeito). Mas quando era hora de fechar as janelinhas, ela simplesmente passava, pulava por cima de nós e as fechava com vontade, sem dizer nada. A comida era boa e eles serviram vinho em quarto de garrafa (187,5 ml). O corte era pinotage, que é comum na África do Sul. Aliás, todas as bebidas eram em recipientes indiciduais: refri em lata, suco em caixinha, água engarrafada. 


Chegamos a Johanesburgo - sem dúvida o desembarque mais fácil de toda nossa vida. Rápido, sem formulários, sem perguntas. Super tranquilo. As malas chegaram muito mais rapidamente do que elas chegam quando a fazemos um voo doméstico no Brasil. Aliás, todos os trâmites em aeroportos sul africanos foram excelentes, tranquilos e confortáveis. 

A volta para o Brasil foi foda. O trecho era Cidade do Cabo - Johannesburgo - São Paulo -Brasília. Mesmo fazendo o check-in às 5h da manhã, no trecho mais longo de Johannesburgo - São Paulo nos colocaram na última fileira do avião, imediatamente antes da cozinha, dos banheiros e cujas poltronas não reclinavam. Queria morrer, mas só me restava beber. 

Esse vôo chegou mais tarde que o previsto em SP (na ida foram 8 horas efetivas de vôos. Na volta, 9h30. Para entender, pesquise sobre aceleração de Coriolis no google). Quando desembarcamos em Guarulhos (depois de rodar uns 30 minutos do ar e ainda esperar em terra para estacionar, o que nos fez perder a conexão para Brasília), já tinha uma funcionária da SAA esperando os passageiros que iam para Brasília (além de nos dois, e um pai e filha pequena, sul africanos) e informando que nosso próximo vôo já tinha sido remarcado. Beleza. Free shop. Comida. Novo embarque: caos.

Meu Deus, que era aquele aeroporto de Guarulhos na sexta a noite? Um loucura. O embarque doméstico foi patético: numa saleta sem ar condicionado e lotada. Pra ir até o avião, num daqueles ônibus, também lotado, todo mundo em pé. Senti vergonha do sul africanos com a filhota pequena naquele caos. Organização zero. Tudo atrasado, todo mundo louco pra embarcar....O vôo atrasou uns 40 minutos, dentre embarque e autorização para decolar. Quando finalmente começou o serviço de bordo, me vem a aeromoça da TAM (muito simpática e educada, justiça seja feita): biscoito doce ou salgado, senhora? Caracas, biscoito doce ou salgado, na TAM? Caos. Nessa hora, quase MORRI de vergonha dos pai/filhota sul africanos. Uma conexão para a capital do país naquelas situações. Imagina na Copa.

Os vôos internos na África do Sul foram Johanesburgo - Hoedspruit (área dos safáris), Hoedspruit- Johanesburgo, feitos pelas South African Express, e Johanesburgo - Port Elizabeth, pela South African Airways. Comprei tudo pelo site da SAA, bem funcional e com ótimas opções como poder reservar um trecho por até 48 horas antes de fechar a compra, o que é muito útil naquela fase na qual a gente aguarda confirmação de datas de hotéis e tals, e de escolher o tipo de comida nos vôos. De brincadeira, escolhi "comida sem glúten" no trecho Johanesburgo - Port Elizabeth e funcionou! Eu nem lembrava da façanha, mas no tal vôo, antes de começarem o serviço de bordo de todo o resto do avião, me entregaram uma refeição sem glúten, com meu nome e tudo mais. Achei incrível. E nesse momento ainda nem tinha passado pelo "biscoito doce ou salgado, senhora?" 


O valor das passagens dos vôos na África do Sul ficaram em torno de 1000 dólares para os dois.

O trecho Johanesburgo/Hoedspruit é feito por um avião doméstico pequeno e com propulsão a hélices (uma em cada asa). Era um bombardier com capacidade para 74 pessoas. Os lugares para colocar malas sobre nossas cabeças é pequeno, então a maioria das bagagens de mão não vão na mão. Logo na entrada do avião, uma pessoa recolhe as malas de mão e nos dão um tíquete para pegá-las depois do pouso. Essas malas vão lá no fundo do avião - sobre a cabeça, só mochilas pequenas e bolsas. Fora isso, um voo comum e com um OTIMO lanche (wraps com carne e molho picante. Impressionantemente bom). Notamos que a SAA tem o costume de servir chocolates como sobremesa. Ah, aqui encontramos um casal brasileiro em lua de mel. E os pais da moça estavam juntos :) Eu entendi perfeitamente a situação geral. 




A parte "animais" da viagem começa no pouso, que foi interessante, em uma pista bem pequena e, durante o taxiamento da aeronave, havia um grupo de impalas na pista - eles fugiram quando chegamos perto. Outros passageiros gritavam porque viram macacos. O aeroporto é minúsculo - praticamente uma casa. E tem cara de casa mesmo - você atravessa ele todo sem cruzar com nenhum guarda, porta giratória ou nada do estilo. É todo estiloso com decoração africana e tem até um jardinzinho lindo pra um café. E também um guichê para troca de moedas, lanchonete e uma lojinha de lembrancinhas.



Sala de espera do aeroporto de Hoesdpruit.



Aguardando o avião, um monte de guias em seus jipes, um de cada hotel-reserva. Além dos guias, havia..... ninguém. 95% de quem pousa ali, pousa para ir para os hotéis da savana, e pronto. Não rola de chegar lá, chamar um táxi e ir dar um passeio. Tem opção de alugar carro, mas não compensa porque o carro ficará parado nos dias em que estiver na savana. Você estará no meio do nada. Todos os hotéis tem o serviço de transfer que fica em torno de 150 rands por pessoa, por trecho (por volta de R$ 37,50)


Estávamos procurando nosso guia e chegou a mulher do aeroporto para nos ajudar. Ela tinha a lista completa dos passageiros, com o destino de cada um. Disse que, caso o guia não aparecesse, era só falar que ela ligaria para o hotel para chamá-lo. Não foi necessário, logo ele estava por lá.




Agora começa a diversão de verdade. O caminho para o hotel é comum. Pista asfaltada, tudo como sempre foi em qualquer lugar, exceto pelos arredores. Ao invés de uma cidade, apenas a típica savana africana. Lembra muito o cerrado - árvores baixas, totalmente sem folhas nesta época do ano, grama rasteira. Vimos alguns babuínos nas árvores, impalas e até uma girafa no trajeto, o que já indicava o como seria bom.


Beijocas. Vanessa

3 comentários:

  1. A pid (permissão internacional para dirigir) eh emitida em 5 dias em bsb. Pede no site do detran. Paga 150. Busca no sia depois dos 5 dias.

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  2. 5 dias? Será que mudaram para melhor ou eu confundi as bolas? Enfim.
    Obrigada pela atualização :)
    Beijocas.

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  3. A minha viagem de sonho. Um dia visitarei a África do Sul.

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