sábado, 28 de novembro de 2015

Europa em tempos de crise: é possível (2015)

Pessoas,

há quanto tempo não passo aqui!!!!!! A vida tá corrida. É muito encontro e muita vivência para serem agendados com algumas "obrigações". Resultado: blog esquecido :-/ Fico numa sofrência por abandonar o blog, mas daí percebo que não posso abraçar o mundo. Aí passa. Mas volta. Forever (young I wanna be).

Bom. Mesmo com tempo curto, sempre cabe uma viagem na agenda. Porque, né? Viagens, meu sonho de consumo. A última foi para a Europa. Um roteiro massa e lindo na Escócia, Irlanda, País de Gales e Inglaterra. E a pergunta que mais respondemos sobre essa viagem foi: nesses tempos de dólar a 4 realidades, onde vocês venderam um rim para pagar essa viagem?

Então, esse post vai ser pra mostrar que, mesmo em tempos de crise, é possível fazer uma viagem bacana. Ainda que seja em libras. Ou, talvez, principalmente se for em libras. Explico isso daqui a pouco.

Antes de tudo, falando sobre viagens possíveis  em tempos de crise, é claro que as compras estão fora de cogitação.  Tudo que será falado aqui, é considerando que compras não estão nos planos.

A primeira coisa que você deve avaliar é que tipo de viajante você é. Se for do tipo esbanjador, do tipo "tô de férias, quero todo o conforto do mundo, e não aceito 'não' nas férias", pode ser que, pra você, realmente seja bastante caro viajar em tempos de crise. Porque, pensando por onde andei (a moeda era quase sempre libra, que batia nos 6 reais), uma garrafinha de água saia a 12 reais, um cafezinho 18, um pedaço de bolo com chá 30, um pint de cerveja 30, um prato em restaurante regular 60, uma paradinha na Starbucks 40, passagem de ônibus/trem/metrô para trechos pequenos, a partir de 12.

Esses penduricalhos durante os dias encarecem a viagem, e a gente nem se dá conta. É 1 libra ali, 2 aqui, 3 acolá, mais 2, e aí 3 de novo, outros 2, um café, uma lembrança, um sorvetinho, mais 2 libras não sei de que. Multiplica isso por 6 no fim do dia, e depois pelos 20 dias que passamos fora. Faz diferença.

Por outro lado, se você não se importa em fazer uma viagem econômica, com menos luxos mas ainda um pouco confortável, gosta de andar a pé, não se importa de comer em casa e nem de programar os lanchinhos diários com um mínimo de antecedência, te digo com toda tranquilidade do mundo: pode ir!

O caso foi que, com poucas adaptações, conseguimos manter a planilha de custos bem próxima às planilhas das outras viagens. Claro que ajudou muito o fato de sermos viajantes econômicos (mas com a Starbucks nunca fui econômica...rsrsrsr. Foi coisa dessa viagem!), mas sem neuras. Se deu para trazer a garrafinha de água de água, beleza. Se não, compramos outra e ninguém sofre. Nessa viagem, porém, esquecer a garrafinha de água virava sofrência. Quem aguenta pagar 12 reais (2 libras, a libra estava 6 reais)  numa garrafinha de água sem sofrer? 

Sobre a água, basta você ter um recipiente para água, porque água de torneira é regra na Europa. Todo mundo bebe e o restaurante te oferece de graça. Acho que só devo ter comprado água 2 ou 3 vezes na vida por lá.

Pelo que percebi, o preço das passagens aéreas, hotéis e aluguel de carro acaba não variando muito. Até diminui, tendo em vista que a procura está menor (vê-se aí as promoções incríveis de passagens aéreas que andam rolando). O que pesa mesmo numa viagem é alimentação, transporte interno e atrações. 

Sobre a alimentação, comer na rua todo dia, toda hora, põe seu orçamento em risco. Como disse acima, uma cafezinho aqui, outro ali, um bolinho, cervejinha, etc e tal, e o dinheiro voa numa facilidade. Então, programe-se! A gente tomava o café da manhã em casa e quase sempre jantava também. Então, fazíamos uma refeição principal na rua. Os lanches também eram pensados e comprados nos mercados, levados na mochila, para evitar cair nas tentações do dia. E sempre garrafinha de água a tiracolo.

Para vocês terem idéia, nossos 4 dias de janta em Edimburgo custaram 7 libras. Para os dois! Alugamos um ap com cozinha e jantávamos em casa. Compramos no mercado uma bandeja com 10 hambúrgueres decentes (carne moída em formato de hambúrguer), que custou 4 libras, 1 kg de brócolis congelado (1 libra), 1 kg de seleta de legumes congelada (1 libra) e uma bandeja de cogumelos Paris (1 Libra). Daí, carne com legumes era a nossa janta de todo dia. Saudável, gostoso e muito barato. E ainda sobraram legumes.

Se a estadia era em hotel sem cozinha, aí a gente comprava um sanduíche de supermercado para a janta, descobria uma pizza barata. Enfim, tentava se virar. Se não desse, beleza, mas com um pouco de boa vontade sempre se acha um lugar em conta pra comer. O que não dava era pra ir em restaurante com serviço de mesa todo dia. 

O café da manhã também era em casa. O de sempre: ovos (amo ovos!!!), pão, chá/café, talvez aveia com iogurte. Outras vezes o café estava incluído na diária. Para os lanches, em regra, frutas, castanhas e chocolates. Comprados nos mercados, o preço era super bom e bastava uma ida ao mercado para resolver a estadia toda na cidade. 

O nosso grande "problema" em relação a alimentação nessa viagem foi a cerveja. Um pint custava em média 5 libras, 30 reais, num pub. Preço de bar descolado no Brasil. Também comprávamos para ter em casa/hotel. De longe, gastamos muito mais $ com cerveja que com comida e atrações. Mas, para a gente, cerveja é alimento e atração (principal). Então, valeu cada centavo, e ainda tínhamos a vantagem de ter vários tipos de cervejas diferentes. 

Como disse, não é barato e isso até tem uma vantagem: não beber taaaanto. Porque, beber o mundo e voltar pra casa, tendo o dia seguinte todinho para curtir ressaca, é uma coisa. Beber o mundo viajando e passar um dia de viagem em hotel de ressaca não é nada legal. O resultado foi que provamos mil tipos de cerveja, repetimos vários deles, mas não tivemos um dia de mal estar por conta disso. Foi ótimo.

E aqui fica outra dica: se você não bebe, já deixa de gastar um tanto e economizar de verdade! Ou, se preferir, pode riscar da sua lista as dicas de comer em casa e levar lanche e curtir a gostosura de sentar para um café/ché e um bolinho sem se preocupar com o preço.

Sobre o transporte, alugamos carro duas vezes (Irlanda e Inglaterra, para irmos para outras cidades). Dentro das cidades, andávamos a pé. Barato e saudável. Não há melhor meio para se conhecer a cidade. Precisamos pegar ônibus poucas vezes por causa da chuva, em Edimburgo, e em Cardiff porque nosso hotel era mais distante (escolhido por falta de opção). E aqui outra dica importante: para fins custos, localização de hotel é essencial. Quanto menos você precisar usar o transporte público, melhor. Então analise bem sua disposição para andar e as redondezas do hotel antes de reservar.  

Sobre as atrações. Lembram que falei lá em cima que dá pra fazer uma viagem bacana sem gastar muito principalmente se for em libras? Então, a explicação. O Reino Unido (e  Irlanda também) tem um costume incrível: a maioria das atrações é gratuita. Pagamos para entrar em pouquíssimas atrações, e fomos um museus, jardins botânicos, bibliotecas e outras atrações maravilhosas sem pagar nada. Conseguíamos manter os dias cheios de coisas para fazer. Aliás, tínhamos que escolher o que fazer gratuitamente. Uma beleza!!!

Vejam que não escrevi nada de inimaginável ou surreal sobre viajar barato. São atitudes bem básicas e que, às vezes, só falta coragem, organização e boa vontade para incorporar numa viagem.Cada um tem que parar e pensar qual a zona de conforto que considera importante. O que pode ser luxo pra mim é roots demais para alguns. E nessa ponderação é que você deve pensar se vale a pena viajar ou não. Em regra, pra mim sempre vale :-) O calo no meu sapato em relação à viagens é a segurança urbana. 

Beijocas. Vanessa.