segunda-feira, 31 de outubro de 2022

EUA 2022 - Motorhome com criança de 5 anos (Georgia, Alabama, Mississipi, Tennessee, Kentucky e Carolina do Norte) - Planejamento, roteiro resumido e dicas gerais.

 Lia, 

eita que esse ano de 2022 está animado! É aventura que não caba mais. Já teve Egito (post sairá, com fé!) e muito Goiás (Tauá, Chapada dos Veadeiros, rolê de motorhome).

Pura animação para o embarque!

Pra viagem de motorhome nos Estados Unidos, a mamãe pensou na Califórnia. Além de se uma viagem cênica bem linda e famosa, ainda teria parques da Disney para você. Era isso. Califórnia. Mamãe começou a saga da procura de passagens aéreas. Procura daqui, olha dali, acessa o Google Flights TODO santo dia, sem exceção (a persistência é o caminho do êxito), verifica se tem boas emissões com milhas. Tudo isso, todo dia. Até que, nas intermináveis consultas ao Google Flights, apareceu uns vôos para Atlanta com um preço muito camarada. 

Flexibilidade é algo fundamental para quem gosta de viajar muito. Nem sempre é a gente que escolhe o destino. Muitas vezes é o destino que nos escolhe. Não conhecemos Atlanta e nem a região ao redor dela.  Além disso, a Motorhome Trips, empresa com a qual estávamos conversando sobre o aluguel do motorhome, tinha também uma sugestão de roteiro saindo e chegando em Atlanta. Aí deu match!

Então bora!

Passagens Copa e Latam

As passagens para a Califórnia estavam por quase R$ 10.000,00 para nós três. Para Atlanta, o preço foi de R$ 5.000,00, voando Copa Airlines, em horários excelentes, com conexões curtas. O único porém foi que as opções com preço reduzido era saindo de Brasília, mas chegando em São Paulo. Então precisamos completar a passagem emitindo o trecho de São Paulo para Brasília na volta.  Mas até nisso a sorte estava conosco. Mamãe achou passagens no exato dia que precisávamos pela Latam por 5.000 milhas o trecho/pessoa em horário super compatível com a nossa chegada (nem tão perto, a ponto de qualquer atraso nos fazer perder o voo seguinte, mas nem tão longe a ponto de ser muito sofrido). A previsão era chegar em SP às 06h06 e nosso vôo Latam partiria às 12h25. Claro que até a data da viagem a Latam mudou o horário do nosso vôo várias vezes (como aconteceu na viagem do Egito - post em breve, tô reafirmando para não esquecer..rs), até nos colocar em um vôo que sairia de GRU às 19h!!!! Ou seja, teríamos mais de 12 horas de espera em Guarulhos. Ninguém merece.

Apesar de ter toda uma preparação psicológica e planos de como iríamos matar esse tempo, a mamãe chegou de volta ao Brasil decidida a ir conversar com a Latam pra ver se tinha algum vôo melhor pra gente. Primeiramente, perguntei para o funcionário que fica no embarque, controlando a fila do check-in e ele disse que como nosso vôo era direto, não seria possível fazer a trocar por um vôo com conexão, e as opções que tinham com vôos melhores eram todas com conexão. E, ainda, só poderíamos despachar as malas 4 horas antes do vôo. Nem daqueles trambolhos todos a gente poderia se livrar.

Mesmo assim, resolvi ir na loja da Latam. E não é que deu certo??? Fomos realocados para um vôo com conexão no Rio de Janeiro, saindo do GRU às 11h30, conexão de 1h30 no Santos Dumont e chegando em Brasília 16h. A sorte continuava conosco, pois eu e você viajamos de Premium Economy no primeiro trecho, encontramos por puro acaso a vovó Nélida no aeroporto do Rio de Janeiro e a Latam ainda creditou os pontos desses vôos, originalmente comprados com milhas!

Encontro inesperado no aeroporto. Na hora que você viu a vovó, saiu correndo em direção a ela gritaaaaannnddddooooooooo :-)

Sobre os vôos da Copa, apesar de as aeronaves que partem de Brasília serem um busão (as aeronaves que partem e chegam em GRU são mais modernas (daquelas que tem classe executiva de verdade - foi a aeronave que pegamos na volta, mas na classe executiva, quem me dera), o vôo é rápido, nunca atrasou conosco e a comida é boa. Na ida, o vôo partiu 02 da manhã. Você embarcou dormindo (dormiu na sala Vip em Brasília) e só acordou no Panamá, filha, com o barulho dos passageiros se levantando, quando o avião já estava parado. A Copa nunca se importou de você estar deitada na aterrisagem e decolagem, desde que esteja de cinto de segurança, claro. E eu amo isso porque já tivemos que te acordar pra que você sentasse em uma ou duas ocasiões em outras cias aéreas.


Se a mamãe não fica acordada, a gente perderia o primeiro voo q saiu de Brasília às 2 da manhã. Você só acordou no Panamá, filha!


Além disso, outra coisa que amamos é que quem pilotou o avião entre Brasília e Panamá foi umA comandante! 

Divertido foi você chateada porque dormiu e "perdeu" o vôo. Demorei pra entender, mas depois saquei que você achou que tinha deixado de ganhar brinquedos porque ainda se lembrava dos milhares de mimos que ganhou da Qatar quando fomos para o Egito :-) Expliquei que a Copa é um pouco diferente, mas você ainda não se convenceu. 

Nosso bilhete aéreo não tinha bagagem despachada incluída. Além da mala gigante que íamos despachar (levamos lençóis, toalhas, cobertas - tudo pra fugir das taxas absurdas cobradas pela Cruise America por esses itens e também das compras em dólares), fiquei em dúvida se precisava também pagar para despachar seu carrinho (um Maclaren Quest, esse modelo, que dobra tipo guarda chuva). Liguei na Copa e informaram que provavelmente não precisaria pagar, era só despachar na porta da aeronave. De fato, não houve cobrança para o carrinho e ainda deixaram despachar um das malas menores. Já a Latam confirmou que era preciso fazer a compra do despacho de bagagem para o carrinho. Como era só um vôo de volta no final da viagem, deixei pra comprar na hora. Sorte a nossa, porque não cobraram o despacho do carrinho :-)

No Panamá, fomos novamente para a sala vip Copa Club (benditos cartões de créditos e, especialmente, o conhecimento para usufruir dos benefícios!) aguardar nosso vôo. A comida oferecida nessa sala é beeeem fraca, mas o espaço é ótimo e você fez um monte de amiguinhos na brinquedoteca!

Chapéus decorando a sala vip Copa Club no aeroporto do Panamá

Brinquedoteca (sem brinquedos...rsrrs) Mas as crianças juntas se divertiram.


Aluguel e uso do Motorhome, a quem apelidamos carinhosamente de Rubble (da Patrulha Canina)

Passagens resolvidas, fomos negociar o motorhome com a Motorhome Trips. Eu já tinha lido tanto sobre a empresa que quase não verifiquei outros orçamentos. Olhei rapidamente em alguns sites, era mais ou menos a mesma coisa, mas sem ir atrás de preços reais. A empresa é brasileira, ela faz a ponte entre o cliente e a locadora do motorhome e todo o atendimento é em português. Além disso, eles também dão suporte na viagem em português e achei que para nossa primeira grande viagem desse tipo a segurança de alguém falando nossa língua seria confortável. 

Eles foram super atenciosos nas milhares de mensagens que trocamos até comprar as passagens fechar o local de retirada do motorhome. Depois do contrato fechado, propuseram uma reunião virtual para que a gente conversasse sobre o roteiro, sobre o motorhome e nos deram várias dicas legais para o momento da retirada. Durante a viagem, nos falamos alguma vezes pelos whatsapp para tirar dúvidas e relatar perrengues. 

Alugamos um modelo C25 da Cruise America. É um modelo mediano, para 5 adultos. Tem também o C19, ideal para 2 adultos e 1 criança, e mais fácil de dirigir e nossa primeira opção, mas por causa da disponibilidade ele ficava mais caro que o C25.  Tem vídeos com o interior do motorhome aqui (vídeo com fofurômetro explodindo!) e aqui (imagem melhor, mas sem emoção :-)).

O tipo de carteira exigida é a B, a mais comum no Brasil. É isso. Com habilitação de carro se pode dirigir um caminhão nos EUA...rsrsrsrsr. 

Alugamos o Motorhome por 16 dias. O valor foi de $2.485,35 e mais $182,84 no momento da retirada, pelos seguintes serviços: 1500 milhas pré-pagas (após US$ 0,38 por milha adicional), seguro do veículo SLI com cobertura até US$ 1.000.000,00 (franquia US$ 2.000,00 por incidente), taxas americanas e impostos brasileiros. Na retirada, é preciso cartão de crédito com limite disponível de $500 para caução. Ah!!! Tivemos desconto de $54 por dizer que a indicação da empresa foi pelo blog da Claudia, que é mesmo a minha grande referência em viagens :-)

Fomos instruídos a fazer uma ligação para a loja de Atlanta no dia anterior para agendar o horário da retirada do motorhome. Se não agendar, a retirada é no horário que der (tipo encaixe consulta médica). A gente contratou o Claro Américas (falo mais sobre isso abaixo), então a idéia era chegar em Atlanta e já ligar na loja, já que nossa retirada era no dia seguinte. Só que não conseguimos realizar ligações telefônicas quando chegamos em Atlanta. O 4G funcionava perfeitamente, mas as ligações não completavam. Perguntei pra Motorhome Trips pelo whatsapp se havia outra forma de comunicação com a loja, além dessa coisa arcaica de ligação telefônica, e disseram que não. Nosso voo chegou em Atlanta quase 15h e, até a gente chegar no hotel, de onde a gente poderia ligar, já iam ser quase 18h, hora que a loja fechava. Foi perrengue emocional, porque eu, ansiosa que sou, já estava estressada achando que a gente não ia conseguir retirar o motorhome em horário decente. Bom, depois de imigração, esperar mala, ônibus e metrô, chegamos no hotel quase 18h. Pedi pra recepcionista ligar na loja e adivinha? Caia numa mensagem de voz pedindo para mandar um e-mail para agendar a retirada. Mas por que raios não passam esse e-mail para a Motorhome Trips?? Como não entendi o e-mail pela mensagem de voz, pedi, novamente e gentilmente, pra recepcionista ligar de novo e ela mesma anotar o e-mail pra mim. Aí, nessa ligação, não tinha a mensagem de voz com o e-mail e sim que a loja estava fechada, porque já eram 18h. Aff. Toquei o dane-se. Fiz o que eu podia. 

No dia seguinte, resolvemos chegar no início da hora da retirada na loja, 13h. Na verdade, chegamos umas 12h e a retirada foi super rápida. Não tinha ninguém, além de nós. Perguntaram se a gente tinha assistido o vídeo sobre o motorhome que eles mandam (sim, assistimos, claro, mais de uma vez e com anotações), explicaram rapidamente o funcionamento das coisas, fizemos aquela vistoria para registrar danos existentes. Conferimos a geladeira e seguimos as dicas que o Francisco havia nos dado para o momento da retirada. Nos ofereceram um complemento do seguro para isentar a franquia em qualquer situação (nossa franquia era de $2000), mas não aceitamos (infelizmente! Rs). Assinamos papéis, passamos cartão e pronto. Foi coisa de meia hora. Detalhe: enquanto estávamos por lá, o telefone tocou alguma vezes e ninguém atendia. 

Teoricamente, o motorhome vem sem nada! Sem itens de cozinha e de cama, mesa e banho. A Cruise America cobra $75 por pessoa para os personal kit com itens de cama, mesa e banho (toalhas para corpo e mãos, travesseiro, fronha, lençol e saco de dormir) e $125 pelo vehicle provisioning kit, com itens de cozinha e limpeza (leia-se: uma vassoura). Achei absurdamente caro, especialmente o kit para banho e cama. Imagina pagar $225 por toalhas, lençóis e saco de dormir.  Por isso, resolvemos levar tudo, menos os travesseiros, por causa do volume. Já a parte de cozinha e limpeza, não dava pra sair levando panelas e facas, mesmo porque gastaríamos com despacho de mala, então decidimos comprar por  lá mesmo.

Acontece que quando fomos retirar o Rubble, tava tudo lá! Os kits pessoais e os de cozinha. E também nos emprestaram cadeiras de camping, uma torradeira e uma cafeteira. Disseram que os kits estavam incluído no preço. Não sei se foi uma confusão da locadora ou uma cortesia, mas vibramos internamente de alegria! Só de não ter o trabalho de escolher e comprar as coisas de cozinha.... E olha que a mamãe procurou algumas vezes "kits de cozinha para motorhome" pela internet, na esperança de já comprar e mandar entregar no hotel em Atlanta e evitar o corre ficar escolhendo talher e panela no mercado, mas não encontrei nada e ainda bem! 

As coisas de cozinha e a vassoura eram ótimas, compramos depois só uma espátula de silicone, uma frigideira pequena para ovos e um pegador de silicone. Já as toalhas e lençóis eram bem toscos. Velhos, machados. Olha, pagar $75 por aquela qualidade....eu ia morrer! Mesmo assim, usamos o kit fornecido pela Cruise America na primeira parte da viagem e o kit que nós levamos na segunda parte. 

Justiça seja feita: o saco de dormir era ótimo!!! E foi totalmente necessário, porque pegamos umas noites bem frias quando fomos para a região das montanhas e o bendito aquecedor do nosso motorhome não funcionava!!! As cobertinhas que levamos não davam pra nada sozinhas. A gente usava o saco de dormir e as cobertas. E, de manhã, na hora de levantar, era uma tortura. Passamos frio, não dá pra negar. Depois reclamei isso com a locadora, através da Motorhome Trips, e eles nos ofereceram um reembolso de $116,40 como indenização pelo transtorno. Bom, melhor que nada, na hora fiquei felizona porque não esperava, mas, agora, analisando friamente, considerando o valor da diária de mais ou menos $250 e o perrengue com o frio que passamos, além das roupas de frio que mamãe precisou comprar, o valor poderia ter sido maior. Mas teve os kits de cortesia, né... Enfim.

O tamanho do modelo C25 para nós três foi excelente. Grande até. A adaptação ao pouco espaço foi rápida demais. Poderia morar ali (fogão, ducha de banho, torneiras e pias tops, colchão confortável). Depois de muitos dias, mamãe só sentiu falta mesmo de um banho com alguns minutos de água caindo da cabeça aos pés. 

Let's bora!!!!




Sei que não preciso de tudo que tenho pra viver bem, mas essas experiências reforçam a certeza e nos lembra que vender o apartamento e usar boa parte do dinheiro para um sabático em uma viagem lenta de volta ao mundo é sim uma boa ideia.

Dirigir o C25 é tranquilo (como sempre, mamãe dirige, papai dá as coordenadas com o mapa). Tem direção hidráulica, é automático. Depois de uns dias, é até perigoso, porque a viagem vai fuindo, é confortável e a gente até esquece do tamanho do treco. Foi por causa dessa confiança e desse conforto que veio a primeira avaria ao carro. Sim, primeira...rsrsrsr. 

Tentamos passar num local com teto baixo, de 9 polegadas (o motorhome precisa de 12 polegadas de altura para passar), por pura distração. A sorte é que o teto não era tão baixo a ponto de bater o próprio motorhome, bateu somente na proteção da claraboia da frente. E também sorte porque o teto não era um pouco mais alto, a ponto de não pegar a proteção da primeira claraboia, mas pegar o ar condicionado, que fica logo depois. Nas duas hipóteses, teríamos que devolver o carro e imagina o perrengue. 

Tivemos a brilhante ideia de fazer a curva nessa rampa, mas esquecemos daquela parte rebaixada ali.

Sim, tinha uma placa alertando da altura. É comer mosca que fala? A altura do Rubble é de 12"

Olha, aqui tá escrito 12"

Barulho!!! Ainda bem que estragou só essa peça externa que protegia a claraboia :-)

Ali a parte que ficou desprotegida depois do fato.


Ligamos na Cruise America para relatar o problema.  Como estávamos em Nashville, disseram que poderíamos ir na loja da Cruise America de lá para eles verificarem. Ficaram de nos retornar pela manhã do dia seguinte para dar instruções de horário. Nunca ligaram. Ainda assim, fomos por conta na loja em Nashville. Olharam, viram que não tinha sido nada demais (era só manter a claraboia fechada), não tinham a peça para repor e mandaram seguir viagem. Pronto. Deixamos pra pensar no preju no fim da viagem (ou até a segunda avaria.....kkkkcrying).

A segunda avaria foi com o retrovisor do motorista. O caso é que o Rubble é largo e os retrovisores ultrapassam a largura do carro. Estávamos, no Great Smoky Mountains,  numa pista estreita e curvada. De repente, nosso retrovisor beijou o retrovisor do carro que vinha em sentido contrário. Não sei quem invadiu a pista de quem e mesmo se houve invasão, ou se eram apenas dois carros gigantes. Não vi o  outro carro, só ouvi um barulhão! O retrovisor rebateu e os espelhos quebraram. Seguimos (era o que se podia fazer, um monte de carro em sentido único em estradinha sem acostamento) e paramos quando achamos um estacionamento. Sem espelhos não dava pra seguir viagem. Tentamos ligar na Cruise America, já envergonhados, para informar a segunda avaria, mas a Claro, novamente, não ajudou (já explico o lance das ligações). Como tinha um camping pertinho, resolvemos ir até lá para pedir ajuda e pernoitar. 

O estrago!

O camping era o Smoker Holler RV Resort. Chegando lá, o papai desceu para pedir informações, pois não tínhamos reservas. Quando ele estava andando lá dentro com cara de perdido, apareceu o Larry. O Larry mora no camping há 8 anos e percebeu que a gente estava precisando de algo. Papai explicou pra ele o que aconteceu e ele nos emprestou um espelho para colocar no retrovisor. Disse que, com espelho, tava tudo bem e que a gente podia seguir viagem. Ficamos imensamente gratos, até pedimos uma foto com o cara. 

Super Larry e o espelho que ele nos emprestou.

Além disso, ele nos indicou uma loja de reparos de motorhome em Pigeon Forge, onde fomos no dia seguinte, mas não tivemos sucesso. Na verdade, fomos em duas lojas (uma indicada pela Cruise America depois que finalmente conseguimos ligar) e nada resolveu. Resultado: fomos no Walmart, compramos outro espelho - muito pior do que o que Larry nos emprestou, uma silver tape resistente e refizemos o retrovisor. Ficou ótimo, nem sei como o pessoal da Cruise America percebeu que não era o retrovisor original :-) 

O remendo aprimorado.



Quando devolvemos o motorhome, pegamos o espelho do Larry de volta. Daí, compramos um presente, escrevemos uma cartinha e pedimos pro Rafa e pra Marcele, residentes nos EUA e com quem encontramos no fim da viagem, enviarem pro Larry pelos correios. Espero que ele tenha recebido e ficado feliz, porque ele foi mesmo um anjo pra gente naquele momento de tensão e desespero.

Sobre a Cruise America, disseram que se a gente já tinha arranjado um espelho, não havia problema algum em continuar a viagem. Pronto. Perrengue encerrado. Pelo menos até chegar a conta!

As avarias nos custaram $500. Também nos cobraram $35 de multa pelo gás propano, porque o tanque não estava cheio. A gente conferiu apenas no controle interno do motorhome e achava que estava cheio, mas tinha que ter conferido no registro do tanque que fica do lado de fora. 


Internet para a viagem - Claro Américas

Dessa vez, resolvemos ativar o Plano Claro Américas para a viagem. O plano é anual e custa R$ 9,99 por mês, ou seja, R$ 120,00 por ano e permite que usar seu plano normalmente em qualquer viagem pelas Américas por 1 ano. É muito mais barato e confortável do que comprar chip.

Preços de alguns chips pré pagos na Best Byu

A internet funcionou perfeitamente. Já as ligações....Já começamos passando perrengue porque precisávamos ligar na locadora assim que chegássemos para agendar a retirada do Rubble e não conseguimos. Depois de fuçar muito e perguntar nas redes sociais, descobri que nem sempre a Claro conecta automaticamente com a rede disponível para ligações. A dica é ir em configurações de rede e conectar em alguma rede manualmente. Escolhe uma das opções que aparecem (AT&M, Verizon, T-Mobile) e vai testando. Alguma vai dar certo. Tivemos que fazer esse procedimento em alguns momentos da viagem, acho que porque a gente mudava muito de estado e cada um tinha uma rede adequada para a Claro. 

O custo benefício do Claro Américas excelente. Apesar do perrengue com as ligações, vamos combinar que hoje em dia a gente sobrevive muito bem com ligações por dados. Na nossa experiência, foi exceção nessa viagem precisar ligar pelos modos arcaicos. Sei que a Vivo também tem planos para viagens internacionais que valem a pena.

Nosso Roteiro

Chegamos em Atlanta numa quarta e pegamos o Rubble na quinta, dia 22 de setembro. O devolvemos dia 07 de outubro, uma sexta-feira.

Nossa rota foi pelos estados da Georgia, Alabama, Mississipi, Tennessee, Kentucky e Carolina do Norte. Percorremos uns 2.500 quilômetros e foi bem tranquilo, sem correria. Fomos com um roteiro em mente, mas sem nenhum pernoite cravado. O roteiro era só um norte, mas o andar da viagem é que ia definir onde e quando a gente pararia. Vai ter post específico detalhando o roteiro todinho, onde dormimos, abastecimentos, custos, etc.



A roteiro inicialmente não incluía Kentucky, mas, por causa do furacão Ian, a região do Great Smoky Mountains estava chovendo bastante bem nos dias que chegaríamos lá. 


Então a gente usufruiu das maravilhas de estar viajando de motorhome, sem nenhuma hospedagem paga ou amarras de qualquer tipo e mudou a rota. Fomos até  Mammoth Cave, onde tinha sol e céu azul e chegamos no Great Smoky Mountains uns dois dias depois (o que nos impediu de seguir um pouco adiante pela região das Blue Ridge Mountains, teremos que voltar!) , com o tempo já firme e o furacão longe.

Camping ou free overnight?

Numa viagem de motorhome, é possível dormir em campings ou passar a noite gratuitamente em algum lugar permitido.

Apesar de os campings não serem caros, por volta de $20 a $40 por noite (com algumas exceções), para o carro (e não por pessoa), eles são um pouco afastados dos centros e não precisar desembolsar esse valor todos os dias ajuda na economia da viagem.

Teoricamente, os campings servem para reabastecer a água limpa do motorhome, para despejar a água suja e lavar roupa. Então, a gente foi disposto a ficar o mínimo de noites possíveis em campings, só quando era mesmo necessário.

Só que achamos os campings muito legais!!! E achamos também que acordar no estacionamento do Walmart e similares é completamente diferente de acordar no meio do mato, na beira do lago, em meio à natureza. Teve um dia que acordamos com veados na nossa porta! Três deles. Daí que depois a gente achava bom o dia de usar camping :-) Não fosse o fato deles serem mais afastados, teríamos até usado mais. 

Ficamos hospedados 5 noites em camping e pernoitamos gratuitamente por 10 noites. Essa distribuição deu certo porque tivemos a oportunidade de encher o Rubble de água limpa e despejar em água suja sem necessariamente pernoitar no camping, seja pagando uma taxa só pelo uso da água em algum lugar, seja utilizando a água e fossa disponível (e gratuita!) no parque Great Smoky Mountains.

Os principais aplicativos que usamos para descobrir onde parar (de graça ou não) foram o RV Parky, Overnight Parking Finder e o park4night e o site Free Camping. Ah, e o Google também, claro. Sempre. 

Free camping em algum Walmart da vida

Free camping no estacionamento gigante da Ross e outras lojas.

Por incrível que pareça, esse foi o lugar de um dos pernoites gratuitos, no Bush Creek Park, em Waterloo, Alabama. Foi exceção, os outros 9 pernoites gratuitos foram em estacionamentos do Walmart, Ross Dress for Less, Publix e Cracker Barrel.

Camping  Baileys Point, em Scottville, Kentucky. Amamos essa pausa urbana e ficamos duas noites seguidas aqui. 

Camping Bald Ridge Creek em Cumming, na Georgia, onde ficamos na noite anterior à devolução do Rubble em Atlanta. Tinha uma prainha deliciosa!



Acho que as informações gerais são essas. 

Beijocas! Mamãe.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Motorhome pelo Goiás - julho/2022

 Lia,

depois de tanto ler sobre viagens fantásticas de motorhome, especialmente nos blogs Felipe O pequeno Viajante e Memória Viajante, finalmente chegou a nossa vez de viver essa aventura. 


Foi a  sua 25ª viagem filha! Teve até camiseta especial para a ocasião produzida pelo papai.

Camiseta da Ovo

Sobre motorhomes, nós ficamos impressionados com a quantidade de motorhomes na Chapada dos veadeiros quando fomos acampar, em maio de 2022. O caravanismo, que é ato de acampar usando um veículo, tá bem difundido pelo Brasil, inclusive no Centro-Oeste. Encontramos gente de Porto Alegre e que estava cruzando o Brasil e indo até o Amapá, gente de Goiânia, gente de Minas Gerais, todos com suas vans e kombis adaptados para serem uma casinha.

Pouca gente sabe, mas em Brasília existe empresa de aluguel de motorhome. É a FreeStyle Vivências, localizada no Lago Norte. Inicialmente, nosso plano era fazer uma viagem de motorhome fora do Brasil, em lugares que são bem adaptados e tradicionais para esse tipo de viagem. Mas, ao saber da existência da FreeStyle Vivência, pensamos: por que não fazer um teste drive desse tipo de viagem por aqui? Seria ótimo já chegar lá fora com um mínimo de experiência em como lidar com uma casa sobre rodas.

Pois assim fizemos. Atualmente, A FreeStyle Vivências têm dois motorhomes para lugar, o Tiger e a Loba. Nós alugamos o Tiger, uma Toyota Hilux 3.0 4x4 turbo adaptada.  O valor de 5 diárias, de quarta a domingo, em alta temporada, já incluindo o seguro, foi de R$ 2.900,00. Tem também a taxa de limpeza de R$ 270,00. A quilometragem permitida foi de R$ 350km/dia ou 1.050 km livres.

Depois de muito pensar e ponderar sobre nosso roteiro, ele saiu assim: 2 noites em Rio Quente, 1 noite em Pirenópolis e 1 noite no Salto Corumbá. Foram quase 800 quilômetros rodados e foi bem tranquilo.

Explicando bem resumidamente, são três coisas que precisamos ficar atentos para a casa do motorhome funcionar: água, energia e vaso sanitário.

Com relação à energia, é bem tranquilo, porque a casa tem a fonte de energia independente do carro. Então temos luz na casinha. No Tiger, o ar condicionado, o microondas e o secador de toalhas só funcionam com fonte de energia externa, ou seja, o motorhome deve está ligado/conectado na energia do camping. O aquecimento da água e do próprio aquecedor do Tiger é por meio de gás, não de energia. Então rola banho quente independentemente de estarmos em camping ou não. 

Com relação à água, o Tiger tem 3 caixas de água. Um dele é reservatório grandão de água limpa, usada para tudo, banho, cozinha. É esse reservatório que enchemos quando estamos no camping ou quando encontramos algum fornecimento de água por aí, como em postos de gasolina. Nos campings, é possível ligar a mangueira de água diretamente no motorhome, assim conseguimos usar a água do camping diretamente no motorhome, sem que ela passe pelo reservatório e, claro, sem usar a água do armazenada.

Essa água da pia e do banho, chamada de água cinza, vai para outro reservatório, que deve ser esvaziado sempre que cheio. O tempo que levará para enchê-lo depende do uso da água. Quanto mais banho, mais louça, etc, mais rápido o reservatório de água cinza enche. 

O terceiro reservatório é o do vaso sanitário, onde fica a chama água marrom. Obviamente ele também precisa ser descartado antes de encher demais, porque pode dar odor pela casa. Mas, para ficarmos tranquilos, os locadores colocam um produto químico no vaso sanitário, tipo aqueles de banheiro químico, e mesmo a água marrom que sai do reservatório quando a descartamos não é nojenta tipo esgoto. Quase nem cheiro tem.

O Tiger tem também máquina de lavar roupas! Acreditem se quiser. Uma máquina de 3kg lindinha. Para ela funcionar, as fontes de energia e de água têm que vir de fora, ou seja, o motorhome tem que está conectado na energia e na água do camping.



A cama de casal que fica acima da cabine é muito boa! Grandona, dá pra dormir um casal e uma criança de boas. Já a cama que se forma no lugar da mesa é menor, especialmente no comprimento. É mais adequada para crianças ou adultos pequenos, tipo a mamãe (157cm).

O tamanho do banheiro é excelente, tanto a parte do chuveiro quanto a do vaso sanitário que, diga-se de passagem, é vaso de verdade! A ducha do banho é ok, mas rolava uma intermitência tanto no jato quanto na temperatura da água. Ou seja, por causa do racionamento da água, por causa das características da ducha/bomba de água, os banhos serão rápidos :-)

O Tiger vem com todos os acessórios de cozinha que precisamos, e até um pouco mais. Talheres, panelas, cafeteria, escorredor. Tem de tudo! Tem também utensílios para acampamento, mesa e cadeiras para a área externa, itens para limpeza, como vassoura, pano, detergente. 


Dia 01 - de Brasília até Rio Quente

Na quarta-feira chegamos na Freestyle às 08h20. É bom chegar cedinho porque antes de poder pegar o Tiger e saí por aí a gente passa por um treinamento sobre todas as funcionalidade do carro e casa. Depois da aula, ainda vai um tempo para colocar tudo dentro do motorhome, como roupas, alimentos, toalhas, lençóis e tudo mais que vocês considerem kit de sobrevivência. Apesar de parecer pequeno, o Tiger tem espaço pra caramba! Mesmo depois de transferir as coisas do carro para o motorhome, ainda ficaram váaarios armários vazios.


Tudo nos armários, você na sua cadeirinha, estávamos prontos para partir! Saímos de Brasília por volta de 10h30 e fomos rumo a Rio Quente.

O papai insistia em dizer que estávamos indo para Caldas Novas. Que Rio Quente é o nome que quem é nutella chama a cidade. Que ele, raiz, chamaria de Caldas Novas e pronto. Para velhos de plantão, aviso que Caldas Novas e Rio Quente são municípios diferentes. Tenho provas.


O Tiger é um carro lento. É literalmente levar uma casa em cima de um carro. O lance é curtir a viagem. A diversão é curtir perrengue, a dificuldade de deslocar a casa. É sentir prazer em fazer algo que, aparentemente, não faz sentido. Para quem quiser sentido na vida, vá de carro e fique em um hotel chique. Ahahah (é bom demais também!)

A velocidade confortável é de 90km/h. Mais que isso, já se sente certa instabilidade, qualquer desnível na pista parece que deixa o carro sambando. Ele também não é um carro de ultrapassagem. Ou seja, se calhar de ficar atrás de um caminhão, é possível que se passe muito tempo da viagem atrás dele. Aliás, éramos ultrapassados pelos caminhões ;-)


Depois de percorrer 70km em 01h48m, paramos para almoçar em Luziânia. Infelizmente, o plano de almoçar em algum lugar bonito da estrada cozinhando a nossa própria comida não rolou. Não teve parte bonita da estrada. A maior parte dela é sem acostamento e passando por cidade pequeninas. As estradas bem precárias, quebra molas não pintados.

Almoçamos no restaurante 3 Vendas, em restaurante bem simples, mas com comida bem gostosa, com wifi, uns brinquedos para distrair as crianças, atendimento gentil e preço super camarada! O prato do dia, com frango, foi R$ 15,90. O de filet com ovo custou R$ 24,90.

Seguimos viagem e pouco antes de chegarmos em Rio Quente, você quis ir ao banheiro. Olha que delícia isso! Paramos o carro e você usou no nosso banheiro, limpinho e cheiroso :-) Aliás, todo mundo aproveitou pra fazer xixi. Como você já estava há uma bom tempo sozinha na sua cadeirinha na parte de trás do carro/casa, nessa hora o papai assumiu o volante e nós duas fomos conversando lá atrás.

Chegamos no camping Esplanada Thermas Parking umas 17h. Não tínhamos reserva, apesar de que eu tentei. Mandei mensagem pelo whatsapp e não responderam. Tentei ligar e não atenderam. Mandei e-mail e a resposta só chegou quando nós já estávamos hospedados. E o pior foi que a resposta era pra eu entrar em contato no número do whatsapp que eu já havia tentado dias atrás. Enfim.

Chegamos e tinham vagas, ainda bem. O valor é R$70 por pessoa e crianças até 5 anos não pagam. A parte do camping é ótima para motorhomes. Tem água, energia e fossa e tudo funcionou perfeitamente. Tem um trecho do Rio Quente passa dentro do camping, é uma delícia. 

Conectando o Tiger nos cabos de água e eletricidade

Sobre o rio, assim que chegamos no camping e acomodamos o Tiger nas mangueiras e cabos, fomos tomar um banho de rio. Foi com emoção, né, filha? O trecho do rio é rasinho, mas tem uma correnteza. Junto de uma pedra, onde a força da água é maior, você desequilibrou e foi levada até....uns 20 metros depois...hahahah. Mas para a mamãe, parecia uma cachoeira te levando! Levei um susto, gritei pelo papai e, quando ele foi te puxar de volta, a correnteza levou o chinelo dele. Você depois contou essa história algumas vezes e dizia "o papai preferiu me salvar do que salvar o chinelo". Tão linda. Você acredita que o chinelo do papai foi parar dentro de uma baleia.


No camping tem uma parte para lavar roupas e lavar louças que é bem legal. Lavar as louças na pia do camping é bem mais confortável que na pia do motorhome e ainda tem a vantagem de não encher o reservatório de água cinza. 

Porém, a infraestutura dos banheiros é péssima. Coisa mal cuidada, com cara de suja, vasos sanitários sem assento ou, pior, com assentos rachados. Apesar das inúmeras placas de proibido som auto motivo, havia sons automotivos ligados. E começam a música alta cedo, tipo antes das 09h. Tão desnecessário. 

Como o chinelo do papai foi levado como oferenda pela Rio Quente, quando papai impediu que o rio te levasse, filha, fomos andando até o centrinho da cidade para comprar chinelo. Encontramos. 

Daí voltamos pra casa e jantamos um delicioso macarrão com atum no Tiger. Jogamos alguns jogos de tabuleiro, contamos histórias e dormimos. 


Dia 02 - Hot Park

O plano para nosso segundo dia foi ir ao Hot Park.

Mamãe acordou cedinho e foi correr pelas ruas e ladeiras de Rio Quente. Treino intervalado na subida. Foi canseira, uma ventania, um friozinho, mas foi bom demais. Voltei pra casa com pó de café que não tínhamos levado.

Depois tomamos café da manhã no Tiger. O espaço é pouco, tem que ter estratégia e paciência. Mas é muito divertido! 

Nos arrumamos e fomos para o Hot Park andando. O camping Esplanada fica pertinho de uma das entradas do parque.

Compramos os ingressos do Hot Park pelo site, utilizando cupons promocionais do Premmia. Cada ingresso saiu por R$ 144,40 (o desconto é uma grande pegadinha, porque ele vale para o valor cheio do ingresso, mas todo mundo paga o valor promocional que hoje - agosto/22 - está R$ 149,00). Crianças até 4 anos não pagam.

Foi um dia muito divertido, filha! Você foi vestida de Moana. Foi fazendo sucesso pelo caminho e também quando chegou lá. Apesar de termos chegado às 10h, hora que abre, pegamos uma fila boa na entrada de uns 30 minutos. Ficamos de papo com uma família de São Paulo que estavam atrás de nós e você fazendo amizade com as crianças ao redor.



O Hot Park é muito top! É padrão Disney. Entrada organizada, tudo limpo e bem decorado. Tem salva vidas em todas as atrações que passamos e os funcionários são sempre gentis e educados. Todo lugar é ótimo para fotos. Estava bem cheio, mas conseguimos bons lugares. Demos sorte de algum grupo desocupar cadeiras perto de onde estávamos parados. 

Entramos por uma área do parque que já dava no Hotibum, brinquedão infantil e também para adultos. São 10 toboáguas, balde gigante, muitas cores, aquelas pistolas de água, trilhas suspensas. Divertido demais e por ali você ficou um bom tempo. 



Quando se cansou, comeu alguma coisinha e fomos para a Praia do Cerrado. Que delícia de lugar!  A praia artificial é tão bem feita que tem regiões com areia branquinha e fininha, orla com coqueiros, diferentes tipos de ondas. Vimos um teiu, um lagarto gigante típico do cerrado. Esse era enorme mesmo. 

Encontramos uma região vazia, mais longe do agito e onde forma uma prainha para crianças menores  e ficamos por ali. Quando a sirene tocava e as ondas começavam, corríamos para a água! Foi muito divertido, assim como foi da outra vez em que estivemos lá. Mamãe só dá nota zero para a música alta naquela praia. Pra que tanto barulho, gente?




Almoçamos no restaurante por R$ 78 quilo. Melhor das opções, já que um hambúrguer com cheddar e bacon e acompanhado de Doritos era quase R$ 40. E encurtaria nossa vida em alguns anos.

Voltamos para a Praia do Cerrado e por lá curtimos até a hora que deu vontade de ir embora. Mas, no caminho para a saída, passamos novamente em frente ao Hotibum e você nos obrigou a dar mais uma paradinha por lá :-)

A processo de pagamento na saída do Hot Park é cômodo, feito por máquinas ou caixas convencionais. Na entrada a gente recebe uma pulseirinha com crédito de R$ 350,00 e vai usando. Na saída, para na máquina e paga a dívida.

Voltamos para o camping e ficamos por lá. Demos uma arrumada na casa, lavamos roupa, estendemos, montamos a mesa do lado de fora, jantamos. 



Você brincou com outras crianças do camping e teve o cuidado de avisar a uma delas que a correnteza do rio era perigosa. De acordo com a sua explicação, "você deve ter muito cuidado, muito cuidado, senão o rio pode te carregar e se ele te carregar pode vir uma baleia sedenta por sangue vai te comer e você vai morrer".

Você alertando o garoto sobre a terrível baleia do rio.

Nesse dia o nosso tanque de água cinza encheu. Como estávamos com a mangueira do camping sempre conectada, não nos preocupamos em economizar água. Manobramos o Tiger e despejamos a água cinza. Demos um mole absurdo e não despejamos também a água marrom. O reservatório de água marrom não perigava estar cheio e estávamos na confiança de que não seria difícil esvaziá-lo em algum posto de combustível pelo caminho. Ledo engano!



Dormimos, acordamos, tomamos café da manhã e zarpamos em direção à Pirenópolis.




Dia 03 - Pirenópolis

De Rio Quente até Pirenópolis são umas 4 horas de deslocamento. No caminho fomos atropelados por um enxame de abelhas imenso! Aquele momento em que o carro passa no exato momento em que milhares de abelhas resolvem atravessar a pista voando baixo, na altura do para-brisa do carro. O vidro ficou como se alguém tivesse jogado um balde de terra gosmenta nele.  Ficamos tristes em prejudicar a polinização das lavouras do Goiás. 

Paramos para almoçar no meio de caminho, acho que em Vianópolis,  em um restaurante bem simples, na beira da estrada, mas com comida gostosa.

Nosso plano de abastecer o Tiger no caminho deu certinho, apesar do susto com o preço do abastecimento (Diesel 10 a R$ 8 o litro, num carro que faz entre 7 e 8 km/l e tem um tanque gigaaaante). Já o plano de descarregar a água marrom em algum posto de que tivesse fossa foi categoricamente frustrado. 

Paramos em vários postos de gasolina e, além de não não terem fossa, a maioria nem sabia do que eu estava falando e nem onde poderia conseguir uma. Quem sabia do que eu falava, dizia não saber onde eu poderia encontrar uma.

Os APPs Viva Sobre Rodas e MaCamp ajudaram em na.da. Quer dizer, ajudaram fazendo com que a gente desviasse da nossa rota pra ir em um posto que eles indicavam que tinha fossa. Saímos da BR, entramos no centro de Anápolis, pegamos trânsito e continuamos com nossa água marrom.

Chegando um Pirenópolis, fomos até um camping indicado pelo APP para descarte de fossa. Porta na cara novamente. Até tinha fossa, mas o cano de saída da água marrom do motorhome era mais largo que a entrada da fossa, aí não daria certo. 

Bom, o jeito foi esquecer essa história de descarregar cocô e xixi e fazer um pitstop na Cervejaria Casarão. Papai beber cerveja, você bebeu suco e mamãe bebeu água. Comemos queijo coalho com mel, curtimos a bela área externa, descansamos e partimos para o centro de Pirenópolis, porque a idéia era fazer free camping!



Free camping é acampar/pernoitar na rua, gratuitamente, em locais permitidos. É estacionar o motorhome e pronto. Conseguimos estacionar no comecinho da Rua Aurora (em frente a Secretraria Bem-Estar Social) , muito perto do burburinho, das lojinhas, dos turistas, das lindezas. Essa é uma das vantagens do motorhome: se hospedar em locais privilegiados "de graça".

Nessa foto, o carro parece mais inclinado do que realmente estava. 

Para ajustar a inclinação, usamos os calços que ja vêm incluídos no aluguel do Tuger.

Curtimos muito o centro de Piri. Ô cidade gostosa. Batemos pernas, vimos artesanato, sentamos pra um café com bolo, voltamos pra casa para tomar banho (tínhamos água limpa porque enchemos o reservatório antes de sair de Rio Quente e não estávamos com o reservatório de água cinza cheio porque havíamos esvaziado - o medo era só de fazer cocô mesmo...kkkk), saímos pra jantar, encontramos vizinhos de Brasília, paramos na sorveteria. Delícia.






A noite foi super tranquila e silenciosa, apesar de estarmos bem perto do centro.

Como nossa próxima parada era o Salto Corumbá, bem pertinho de onde estávamos, acordamos e saímos, deixamos para tomar café da manhã no Corumbá.

Saindo de Pirenópolis, observei que um bom ponto para estacionar motorhome para pernoite é atrás da 
Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. O terreno parecia bem plano e até tinha um motorhome estacionado lá.

Dia 04 - Salto Corumbá

Chegamos no Salto Corumbá umas 09h e a primeira pergunta que fiz foi se eles tinham onde a gente pudesse despejar a água marrom. Para a alegria geral na nação,  eles disseram que sim!!! Um funcionário nos levou (ele de moto e a gente seguindo com o Tiger) até o local onde eles permitem o descarte da água marrom, que fica no terreno ao lado. Não era uma fossa, era um terreno vazio, propriedade privada. Ele disse q podia descartar e assim fizemos. Por causa do produto químico que a gente coloca no vaso, a água marrom é praticamente sem cheiro e não parece um produto feito de xixi e cocô.

Devidamente desabastecidos, fomos estacionar nosso motorhome no camping para tomar café da manhã e começar nosso dia.

O camping do Salto Corumbá é bem grande e com vista para a cachoeira. Tem água e energia, mas a energia não funciona muito bem. Parece que a rede não aguenta o tranco e tava cheio. O banheiro é bom e foi onde tomamos banho sábado.

O Salto Corumbá é muito legal! Tem cachoeiras, piscinas, tirolesa, arvorismo, tobogãs, uma prainha de rio gostosa, trilhas, restaurante barato para almoço e janta e tem também um trenzinho sobre trilhos que nos leva até a cachoeira principal. A diária com motorhome custa R$ 132 por pessoa e pode chegar cedo de um dia e sair no fim da tarde de outro.




Vista da janela do Tiger

Café da manhã com essa vista maravilhosa.

Trilha do Ouro é o nome da atração do trenzinho pela natureza. A trilha percorre 1,1Km em meio ao Cerrado, passando por animais ilustrativos, atravessando túneis e pontes, podendo chegar a uma velocidade de até 35Km/h. Dura uns 5 minutos e crianças pequenas só podem fazer a trilha no sentido indo para a cachoeira, que é subida e a criança vai no colo. Na descida é preciso usar o cinto de segurança, então é preciso que a criança tenha altura suficiente para sentar no banco e usar o cinto. O passeio custa R$30 por cada trecho, por pessoa.

Nós fomos até a cachoeira no trenzinho e voltamos a pé pela trilha. As duas partes foram bem legais!






Chateada porque a mamãe não deixou ela brincar com uma "pedra" que era um caco de vidro.




"Mamãe, faz pouse de louca!"


A prainha que forma na beira do rio.

No final do dia, depois de banho tomado, jantamos pizza no restaurante da Salto Corumbá, mamãe e papai beberam um vinho e tinha música ao vivo. Pedimos Evidências, tocaram e mamãe não queria embora nunca. Mas, como quem manda em tudo é você, filha, logo fomos embora porque você estava cansada.

No dia seguinte pela manhã, tivemos visitas! O tio Claudio e o tio Rodrigo foram tomar café da manhã conosco!

Tio Claudio quis registrar a visita!




Voltamos para Brasília e antes de devolver o Tiger, passamos na casa da vovó Nédala, que também estava louca pra conhecer o motorhome!

Vovó também foi convocada para fazer cara de louca!

Devolvemos nossa casinha sobre rodas umas 17h do domingo. Você tava bem chateada, filha, porque não queria mais voltar para Brasília e queria morar no motorhome para sempre. Eu te entendo :-)

E assim foi mais uma deliciosa aventura da nossa família!!!

Te amo!

Mamãe.