segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

África do Sul - Outubro/2011 - Garden Route - Jeffrey's Bay e Bungee Jump na Bloukrans River Bridge

Pessoas,

finalizada nossa etapa selva, fomos para o litoral. Pegamos o avião em Hoedspruit, no mesmo simpático aeroporto. Dessa vez, nada de impalas na pista. O check-in em um aeroporto minúsculo não chega a ser uma atração turística, mas é interessante – apenas um guichê, apenas uma porta e você chega à sala de espera decorada com motivos africanos. Apenas uma lanchonete com cara de colégio e um quiosque de vendas que lembrava uma banca de revistas. Embarque tranqüilo, assim como a viagem para Johanesburgo. Após ficamos algumas horas no aeroporto, pegamos o avião para Port Elizabeth onde começaríamos a traçar a Garden Route.

Garden Route (Rota Jardim) é como se chama a estrada que liga as cidades de Port Elizabeth (litoral leste, banhada pelo Oceano Índico) e Cidade do Cabo (Litoral oeste, banhada pelo Oceano Atlântico). É um trajeto de aproximadamente 800km, basicamente pela via N2, que passa por diversas cidadezinhas charmosas, além de outras atrações turísticas. E, acreditem, tudo isso chega a ser supérfluo, pois a própria estrada já é uma atração – ela não se chama Rota Jardim à toa. A impressão é que toda a mata ao redor da estrada foi cuidadosamente planejada por um paisagista de renome. O visual é sempre lindo. Nossas paradas foram: Jeffrey's Bay, Plettenberg, Mossel Bay.

Chegamos em Port Elizabeth no começo da noite. Logo ao descer do avião, sentimos o poder do vento litorâneo da África do Sul. MUITO vento, e um vento muito gelado. Pegamos nossa malas e fomos para os guichês de aluguel de carro (Europcar). Após os procedimentos de praxe, fomos até o nosso carro: um Polo 1.6, automático. Naturalmente o carro tinha algo de muito estranho – o volante ficava no lado direito. Maldita colonização inglesa. 

Como de costume, Vanessa pilota e Vinicius fica com o GPS/mapas. Nossa vida na mão inglesa até que não foi tão complicada. Usamos as dicas que o Tiagoto nos deu – basta o passageiro (que está sentado no lado esquerdo, onde aqui fica o motorista) fingir que é o piloto e ficar avisando ao outro se ele está no lugar correto ou não. Quando o carro começava a ir para cima do meio-fio, Vinicius avisava “se afasta daqui”. Quando tendia a invadir a outra faixa, dizia “chega pra cá”. A assim foi durante alguns quilômetros. Em um dois dias as dicas cessaram por completo e eu já estava plenamente habilitada para dirigir no vasto império britânico (onde o sol nunca se põe). 

Assim que pegamos o carro em Port Elizabeth, rumamos para Jeffrey’s Bay. O GPS nos guiou bem até nossa guest house. Aqui, vale uma interrupção para explicarmos: na África do Sul eles dividem os locais onde você pode dormir em hotéis e guest houses (casa para convidados). Não é nada parecido com albergues ou hostels. Eu considero que as guest houses são uma mistura de casas comuns com hotéis sem recepcionistas típicas. Basicamente são casas onde um quarto funciona como escritório e os outros funcionam como quartos de hotel. O escritório nem sempre tem gente, então você se sente como se estivesse em casa. Ao chegar, você recebe as instruções e as chaves, que ficam constantemente com o hóspede. Quer sair para dar uma volta? Saia. Voltou? Use sua chave para entrar, sem falar com ninguém. Quer beber algo? Vá até o barzinho (estilo barzinho de casa grande mesmo), pegue o que quiser e anote em na planilha que você, do quarto 4, retirou 2 cervejas e uma água. Confiança total. A parte “hotel” fica pelo café da manhã (apesar de bem mais exclusivo – em regra éramos só nós na guest house) e pela limpeza do quarto – todo dia alguém vai lá e arruma tudo. 

Jeffrey's Bay   

Explicado o que é uma guest house, vamos falar sobre a nossa estadia. Ficamos na guest house “On The Beach”, que era excelente. O quarto era lindo e super confortável,  tinha garagem descoberta para o carro, ótima localização com descida direta para a praia (primeira foto abaixo) e um excelente café da manhã. No segundo andar da casa ficava o lounge com o barzinho, onde também era servido o café da manhã (opções de pratos nas fotos abaixo), tudo perfeitamente decorado. Também tinha sofás confortáveis e uma estante com livros, caso você queira dar um tempo lendo algo. A vista da praia era excelente e nos permitia, por exemplo, tomar café da manhã vendo golfinhos na água. A localização também era bem boa.



Jeffrey´s é uma cidade tipicamente surfista, com fábricas da Bilabong e coisas assim. Paraíso para quem curte bermudas floridas e camisetas com grafismos radicais. Não compramos nada :). A cidade (assim como toda as outras) dorme cedo.... se quiser sair para comer algo, faça logo no começo da noite. Achar algo aberto às 21h é difícil.

Verdadeiramente, se você não gosta ou pratica surf, não vale a pena duas noites em Jeffrey's. Talvez deveríamos ter ficado em Port Elizabeth e apenas passado por Jeffrey´s. Tivemos tanto tempo livre que fomos ao shopping da cidade. E o passeio não foi ruim porque vi um Bengle para vender, gato que parece um leopardo, por meros 600 reais (o Vinicius não deixou eu trazer um.), e uma ave esquisita que era alimentada com uma colher.  

Ainda bem que o hotel era realmente bom, com banheira no quarto e tudo mais, e passar umas horas ali não era sacrifício nenhum. Sentar na sala de cima, ler um livro, observar o mar.... Não é que me arrependi, mas se o tempo tiver curto, pode suprimir a Garden Route para 5 dias que dá tranquilo. Se quiser descansar e ficar vendo coisa linda, pode ficar o tanto que ficamos :)


Para o nosso um dia e meio por lá, programamos um passeio de cavalo na praia, pela manhã, uma visita ao SeaView Lions Park, pela tarde, perto de Port Elizabeth (fizemos quase todo o caminho de volta do dia anterior, do aeroporto de Port Elizabeth até Jeffrey's), e uma aula de surf na manhã seguinte. O passeio de cavalo deu errado. Estávamos no local combinado no horário combinado, às 09h da matina, mas a porteira estava fechada e, em razão do número de placas dizendo que a propriedade era privada e que se você entrasse teria sérios problemas nessa vida, não entramos. Tentamos ligar, ninguém atendeu. Desistimos e fomos para o SeaView Lions Park

O SeaView é quase um zoo, mas um pouquinho diferente. A estradinha até lá é lindinha e ele fica no alto de um morro. De alguns lugares tem-se uma vista deslubrante do mar. É uma espécie de zoológico aberto, onde rodamos com nosso próprio carro. A entrada era barata (50 rands por pessoa). Ganhamos um pequeno mapa na entrada e pronto – agora era com a gente. Fizemos o percurso completo e praticamente nada era realmente encantador – uns impalas, uns springbooks e pronto. 

 fotos padrão :)

O ponto alto eram as girafas. Muitas girafas. Todas muito perto, muito serenas. Girafas grandes, pequenas, atravessando a rua, acariciando-se, sentada, em pé e até mamando! Pensa que já vi girafa em pé, sentada, correndo e mamando. Tô demais.

 

Teve hora que nos sentimos em um engarrafamento de girafas – o carro parado, três girafas na nossa frente passeando, outras tantas ao lado do carro. Muito legal.   


  





Além das girafas, existem dois leões, mas eles ficam presos. Depois dos safáris, ver leões presos se torna algo bem sem graça. Acho que os zoológicos nunca mais serão divertidos. Além dos dois leões adultos, havia leões bebês para os turistas brincarem. Depois de pagar uma taxa (60 rands, ou menos de 15 legais), podíamos escolher entre dois grupos de leões – um grupo tinha três leões de aproximadamente 3-4 meses; o outro, dois leões de uns 10 meses. O passe dava direito a ficar com os felinos por 5 minutos. Pagamos, escolhemos os leões mais novos e entramos. Era bem nítida a diferença entre esses leões e aqueles do Tshukudu. Enquanto os do safári eram bem dóceis e calmos, esses, que tinham contato constante com turistas, eram bem estressados. Um deles aproveitou uma bobeada do Vinicius e deu uma bela mordida no pneu posterior direito dele. Nada de grave – uma gotinha de sangue escorrida em troca de uma boa história.






Depois do parque, retornamos para Jeffreys e fomos passear na região das lojas de surf. O passeio foi rápido, mas serviu para localizarmos a loja onde, no dia seguinte, faríamos aula de surf, a Wavecrest Sur School. A aula custa 200 randes, por duas horas. Conversamos um pouco com o instrutor Andrew e depois fomos comer algo. De tarde, rápido passeio pela praia, depois janta, depois cama. Dia seguinte acordamos e fomos pra aula de surf. Como o tempo tava frio e a água congelante, Vanessa desistiu e deixou a responsabilidade para Vinicius. A turma tinha umas 6 pessoas e cada um recebeu sua roupa de neoprene e sua prancha de iniciante. A aula durou 2 horas que resultaram em um cansaço indescritível e em nenhuma onda realmente surfada. Mas foi bem divertido! Quem sabe na próxima a gente supera o Padaratz.



Em Jeffrey's Bay, comemos basicamente em dois lugares: Cafe Kima, indicado pela escola de surf e com descontinho pela indicação, e o Greek, restaurante grego. Nenhum é assim bom demais, mas também não deixam a desejar. São baratíssimos.  No Cafe Kima tem lanches, café da manhã, almoço, cafés gelados. Fica de frente pra praia e o atendimento é ok. De boas lembranças, registro uma massa com molho pesto e legumes que estava muito bom, por 62 randes ou 15 reais. No Greek, dividimos um prato individual imenso com salada, lula, peixe batata, que custou 135 randes, ou menos de 33 reais. De entrada, pedimos uma focaccia de algo, por 20 randes, ou 4 reais. O restaurante grego é mais aconchegante, bom pra tomar um vinho (fomos de Barista, 100 randes, ou 25 reais), ir de noitinha. E sabe o que mais? Tocou Skank :)



De Jeffrey's para Plettenberg, parando na Bloukrans River Bridge - maior bungee jump do mundo, de 216 metros. 

Logo depois da aula de surf, almoçamos e zarpamos para Plettenberg Bay, a 164 km e próxima paradinha na Garden Route. Mas, antes de chegarmos até lá, paramos no Tsitsikamma Park, um parque na Garden Route cheio de atrações bacanas, especificamente na Bloukrans River Bridge, para o Vinicius encarar o maior bungee jump comercial do mundo, 216 metros de altura, equivalente a um prédio de 70 andares. Olha aí a ponte de onde se pula:



Se eu já tinha brochado na aula de surf por causa do vento e da água fria, imagina se encararia essa. Não encarei e ainda não me arrependi. Gente, é negócio é alto demais!!!! 









Sinto frio na barriga toda vez que vejo as fotos, o vídeo e lá, quase morri de emoção na hora: gritei junto, ou sozinha :). Praticamente pulei junto! 

O acompanhante não pode ir até o local do pulo, na ponte, mas fica na região onde funciona toda a parte burocrática (pagamento, lanchonete, etc) e de lá se tem uma bela vista dos saltos, além de uma televisão por onde se transmite tudo o que tá rolando lá na ponte, instantes antes do salto.

O nome do local é Face Adrenalin :) A graça custa 690 randes por pessoa, + 210 pelas fotos e vídeos, obrigatórios, eu diria. Quer ver o vídeo? Aqui.

Vinicius sobreviveu, curtiu muito e está arrependido de não ter me convencido a pular. O visual é lindíssimo, a ponte fica sobre um rio de desagua no mar. 

Ah, coincidentemente, encontramos brasileiros brasilienses que também iam pular e eles foram todos no mesmo grupo. E nós não os conhecíamos. Incrível, né? Um deles tem um blog na globo.com sobre intercâmbio na África. 

E assim foi. Próxima parada: Plettenberg Bay, Mossel Bay e Hermanus.

Beijocas. Vanessa.