terça-feira, 26 de setembro de 2023

Preá e Jericoacoara - Dezembro de 2022

 

Olá, Lia!

Esse post é muito especial, porque ele foi escrito pelo papai :-)

Dia 01

Dia 20 de dezembro a gente partiu pra mais uma viagem, dessa vez para Jericoacoara, no Ceará. Fomos você, vovó Nédala, mamãe e eu. Nosso voo saia de Brasília muito cedo, antes de 6h da manhã, então a vovó foi dormir com a gente em nosso apartamento. Ela chegou depois de você já ter ido dormir e se deitou ao seu lado para dormir um pouco antes de o despertador tocar.

Quando você acordou, ficou extremamente feliz! Não parava de gritar de felicidade dizendo que finalmente era o dia de ir para a praia. Foi para o aeroporto, de madrugada, na maior esperteza, conversando com o motorista do Uber (mais um Vinicius que você chamava de Vinicius Júnior – rescaldo da Copa). Embarcamos em nossa jornada de dia cheio. Brasília-Viracopos, Viracopos-Confins, Confins-Jeri. Você estava animadíssima e quase não deu trabalho, a viagem foi ótima.








A mamãe comprou uma lousa mágica e ela foi uma ótima distração durante a viagem. E como vc está desenhando bem, filha! Desenhou um pato com gravata borboleta porque era um pato noivo. Desenhou a festa de casamento, um dinossauro igual ao da parede do espaço kids da sala vip. Muito legal!

Sala Vip de |Viracopos: cheia, pequena, mas quebrou um galhinho....

No aeroporto de Viracopos a gente ouviu nosso nome ser chamado no auto falante. Vanessa Cordeiro, Lia Madela, Vinicius Madela. Você e a mamãe saíram correndo até o portão de embarque, uma corridinha que deu pra cansar! Não era nada demais, o comissário estava preocupado com o seu assento estar reservado longe da mamãe (mas é que você viria junto do papai). Na hora do embarque, você respondeu ao bom dia da comissária com um lindo bom solário, palavreado inspirado pelo libro Marcelo, Marmelo, Martelo!

Ao chegarmos em Jeri, fomos recepcionados pela Josi, filha da nossa prima Anacleta. Elas têm uma pousada super legal na praia do Preá, um pouquinho ao sul de Jeri. Não ficamos lá porque a inauguração da pousada está marcada para a virada do ano, mas passamos por perto e é um lugar super legal.

Preá é uma praia dedicada ao vento – ou seja, ao kite. Ainda não sei se velejarei. Estou com vontade, mas também com muita vontade de não fazer nada. Passar uns dias sem pensamento nenhum, só descansando. Estou precisando de uns dias de preguiça.

Nossa pousada se chama Na Beira do Mar, e faz jus ao nome. O barulhinho do mar é constante, assim como o vento (aqui venta o tempo todo). No entardecer, quando chegamos, havia uma infinidade de pipas velejando. Coisa linda de se ver.






Chegamos já no fim da tarde, perto de 18h. A pessoa que nos recebeu, Marcela, foi super atenciosa e simplesmente disse: vamos deixar pra fazer o check in amanhã, agora vocês estão cansados da viagem. Gosto muito desse tipo de cuidado. Aqui o Instagram deles

Pegamos dois quartos: um no térreo, para você e vovó, e outro no primeiro andar, para mamãe e eu. Os dois quartos são bem confortáveis, mas rústicos. Nada de acabamentos chiques – é uma pousada pé na areia, e é nisso que ela é boa. O ambiente é uma delícia, bem aconchegante.

Chegamos, deixamos a mala, tiramos os tênis e relaxamos nossos pés ao calçar os chinelos. Jantamos no restaurante vizinho, chamado Na Cada Dela. Comemos moqueca mista (camarão e peixe) e um prato kids de filé – conta final em 236 fazueles. A comida foi ótima e o ambiente é impagável. Beira do mar, ventinho, iluminação top. Ótima janta.


Voltamos pra pousada, tomamos banho e descemos para conversar um pouco antes da hora de dormir. E é isso – que venha o dia seguinte.

Dia 2

No dia 21, acordei cedo, umas 7h00 da matina e desci. Estava tudo vazio ainda, parecia que eu era o único hóspede da pousada que estava acordado. Desci com o violãozinho e fiquei tocando, bem baixinho para não incomodar ninguém. Momento bem legal. Logo chegou um outro hóspede, chamado Jorge, e conversamos bastante sobre música. Geralmente eu não costumo puxar conversas com desconhecidos, mas pensei em você, filha. Quando você vê alguém novo, trata como se fosse um amigo de infância – já se apresenta, abraça, chama para brincar. Sem medo do desconhecido, sem receio algum. E, com isso, abre novas fronteiras a cada dia. Lembrei de você naquele momento e tentei ser um pouco Lia – e a conversa foi divertida e agradável. Obrigado, filha, por me ensinar a ser uma pessoa mais legal.

O café da manhã do hotel era excelente. Como havia pouquíssimos quartos, o atendimento era super pessoal. Frutas cortadas, tapioca feita na hora, café, suco natural. Tudo delicioso. Comemos com calma, pois nosso dia estava totalmente livre. Não tínhamos horário para nada. Um dia propositalmente vazio, para que a gente pudesse colocar o pé no freio da vida corrida.





Depois do café, ficamos na varanda da pousada. Lembra que o nome da pousada é “Na beira do mar”? Pois é, ficamos o dia assim, olhando o mar. Você e eu saímos da varanda e fomos à praia montar um castelinho de areia, e foi bem divertido. A praia era cheia de algas por todos os lados, e foi bacana ver você ganhando intimidade com elas. Na primeira vez que pegou uma, disse “eca, que nojo”. Eu expliquei que as algas eram do mar, que eram limpinhas, e logo você começou a usá-las na montagem do castelo, com a maior naturalidade. Também aprendeu a andar na areia cheia de conchinhas, e a ir ao mar encher a garrafinha para tentar completar o fosso do castelo com água. Mas o sol foi subindo e o dia ficando muito quente, então pouco depois a gente retornou para a varanda do hotel, onde ficamos conversando com a mamãe e a vovó.





O almoço foi em um restaurante bem pertinho do hotel chamado Gamboa. Lugar super bonitinho, com uma vista maravilhosa. Pratos invocados, mas pouco humildes. Pretendiam ser mais do que realmente eram. Após o almoço, um sorvete para acompanhar o calor.


A tarde seguiu preguiçosa, mas ninguém dormiu. Ficamos à toa pela varanda, lemos, conversamos bastante sobre o Rei Leão. Quando o sol já estava mais baixo, você e eu fomos até a água brincar um pouco. O mar tinha subido e levado boa parte das algas – e desfeito seu castelo. Criamos algumas brincadeiras, como ver quem conseguia chegar mais perto da água sem deixar a onda te pegar. Ficamos muito tempo nessa brincadeira, correndo em direção da água e depois fugindo da onda. Em uma dessas, já cansadinha, você começou a falar que aquilo deixava seu coração muito intenso – e, dessa frase, de repente começou a compor uma música que falava do seu coração intenso, assim como o mar (e por aí vai). Entrei no jogral e te ajudava a completar frases, devolvia melodias e assim fomos. Passamos muuuito tempo, talvez uns 30 minutos ininterruptos dançando e cantando uma música bem maluca, que ia sendo escrita na hora, como um repente, e que fala do mar, de brincadeiras, de coragem e até de dragões. Sua criatividade é absolutamente incrível, e torço para que você compartilhe esse seu dom com o mundo. Seus livros e discos serão um sucesso. Bem, se ainda existirem livros e discos, mas isso é outra história.





A janta foi o prato oficial de toda quarta: sushi. É divertido ir comer sushi em um local praiano, pois dá um nó na nossa cabeça – restaurantes de sushi em Brasília são locais metidos a chique, com decorações modernas e ambientes cool. Um restaurante de sushi em uma vila de kite é apenas um local praiano que vende sushi. Piso de cimento, mesa de plástico, motos barulhentas passando na rua. E a gente estava na mesma onda – chinelos cheios de areia, roupas do dia todo, cabelos grudados de areia. Um dia típico de praia, apesar da janta pretenciosa. Comida razoável, atendeu bem à tradição semanal.

De volta à pousada, escovamos seu dente e você partiu pro quarto da sua avó, para fechar o dia e começar sua noite de sono. Foi um dia pacato, mas cansativo. Solzinho constante e muitas corridinhas nas brincadeiras na praia. Amanhã é dia de acordar cedo para passear de buggy, e queremos estar com a corda toda.

Dia 3

Dia 22, difícil de passar, divertido de contar.

Essa é uma boa frase para começar o relato do dia de hoje, pois nem sempre as melhores histórias da viagem são aquelas que a gente escolhe passar. Às vezes, são os perrengues que duram pra sempre.

O começo do dia aconteceu antes mesmo de o sol nascer. Na madrugada, ao invés do barulhinho das águas do mar, começou um barulhão de água da chuva. Chuva e trovões! Uma verdadeira tempestade tomou a noite toda e durou até o amanhecer – e, nessa situação, a gente fez contato com nossa guia para postergar o passeio de buggy. Fizemos todos os passeios com a Zig Zag Tour. Recomendamos!!!

A chuva parou no começo da manhã, deixando a gente em mais um turno de preguiça. Tomamos o café com calma e, aproveitando que o céu estava nublado, começamos a programar mais uma manhã de construção de castelos de areia. Você, nossa estrela, disse que queria fazer um vídeo sobre o castelo para mostrar pra todo mundo. Amigos, parentes, pessoas que não são parentes, desconhecidos. Falou até que devia ir para o youtube, onde todo mundo poderia assistir o vídeo, até mesmo depois de a gente morrer (???). Fomos para a praia fazer o castelo de areia e ele ficou enorme. Fazíamos camadas alternadas de areia e alga, para dar uma sustentação melhor. Expliquei que é mais ou menos assim que os prédios são construídos, juntando concreto e aço. Você entendeu direitinho e nosso castelo ficou gigante. Ah, e fizemos vários vídeos durante a construção.

Como o clima estava melhorando, com uma carinha de que o sol reinaria a tarde toda, fizemos novo contato com a Josy e partimos para nosso passeio. O primeiro lugar visitado foi a Lagoa Azul de Caiçara, um poço artificial bem interessante. Tiramos fotos e almoçamos por lá. Havia uma piscina infantil onde você se esbaldou, fez amizades e se divertiu muito.




Mas aí....... a chuva começou a se mostrar presente. Céu escuro e algumas gotinhas caindo de vez em quando. Falamos com o guia e ele nos tranquilizou, dizendo que estávamos indo na direção contrária da chuva. E lá fomos nós para a lagoa da Jijoca. No caminho, a chuva foi se mantendo como uma ameaça, mas sem se concretizar. Como o tempo estava feio, dispensamos a parada seguinte, em um parque aquático que fica em uma região somente acessada por barco. Seguimos em direção à parada seguinte e, quando estávamos longe de tudo e de todos, em uma pista de areia, o buggy deu uma paradinha para deixar um carro passar e..... morreu. Nada de ligar de novo.

E assim estávamos. Longe de tudo, carro parado, sem ninguém por perto. E o céu preto, mantendo a ameaça de cair a qualquer momento.

Buggys não são veículos bons para dias de chuva, convenhamos. Buggy é legal para dia de sol. Para levar areia na cara. Pra ter medo de morrer quando o piloto desce uma duna desafiando a física clássica. Mas não pra chuva.... na chuva, bom mesmo é um carro bem fechadinho, com janelas de vidro, som estéreo tocando uma música calma, cintos de segurança e tração 4x4. Mas o destino quis assim. Em um buggy.



Após a milésima tentativa, já descrentes com a possibilidade de ressurreição do motor, começamos a pensar em como faríamos contato com a humanidade para negociar um resgate. E aí, aleluia, veio um comboio de carros salvadores! Ah, e eles não tinham como escolher se nos ajudariam ou não – o buggy estava estrategicamente parado no meio da pista, impedindo totalmente a passagem de qualquer outro veículo automotor dotado de 4 rodas.

A turma chegou e, usando a força de várias pessoas, o buggy foi finalmente empurrado pela pista de areia até ligar no tranco. Entramos no carro e debatemos se valia a pena seguir nosso roteiro ou voltar pra casa. Bem, já estávamos perto do ponto final, então achamos melhor seguir.

Paramos no restaurante Nova Esperança, nome bem aderente ao que tínhamos acabado de viver. Lugar lindo às margens da lagoa da Jijoca, mas cuja beleza estava levemente escondida pelo tom cinzento do céu. Brincamos um pouco na água, e a chuva voltou. E dessa vez voltou com uma cara de que ia durar.




Fomos para a área coberta do restaurante, tomamos um ótimo suco de caju e ficamos esperando a chuva passar. Quando ela deu uma aliviada, decidimos desistir da dignidade e encarar a viagem de volta pro hotel mesmo com uma leve – mas persistente – garoa. Nos ajeitamos pelo carro de modo a fugir do vento e voltamos. Caminho pulando pelos buracos de areia, todo mundo salgado, vento e garoa. E, ainda assim, uma linda garotinha chamada Lia conseguiu dormir pesado no colo da vovó.

Chegamos ao hotel com você adormecida. Te colocamos na cama e todos fomos tomar banho. Depois te acordamos, te demos um bom banho e fomos jantar em um restaurante bem pertinho chamado Café Preá. Durante a janta, mais chuva, mas dessa vez ela foi gente boa – se escondeu na hora do nosso trajeto de ida e de volta.


De volta à pousada, jogamos dominó até a hora de dormir.

Dia 4 

Dia 23, mais um dia com programação comprometida pela chuva.


Acordamos e tomamos o café. Depois, com o clima nublado, aproveitamos para ir para a praia fazer castelinhos de areia – na verdade, o clima estava perfeito para isso! Mamãe saiu para passear a pé.

Morreu.

É muita alga!!!

Vivinho!

A vovó trouxe uma cadeira de praia e ficamos nós dois fazendo um super castelo. Você ainda mantinha a ideia de fazer um vídeo para o youtube com as dicas de como fazer ocastelo, então toda hora pedia para sua vó filmar suas dicas. Uma das partes mais legais são as dicas de segurança, quando você falou sobre como se proteger do sol e como não se afogar no mar.







Depois a gente saiu para almoçar em um restaurante ali perto chamado Da Lu. Comemos camarão e foi bem gostoso. De sobremesa, você tomou sorvete e voltamos para a pousada.

No meio da tarde, fomos visitar a Aiolos, pousada super top construída pela Josi, filha da Anacleta. A pousada estava nas vésperas da inauguração, então tudo estava novíssimo, intocado. Conhecemos tudo e gostamos bastante mas, pra variar, a chuva estava lá atrapalhando nossa vida.


Voltamos para a pousada e lá ficamos até a noite. A chuva estava constante, então foi um fim de tarde light, de leitura e conversas. Abrimos um vinho e pedimos pizza.

Dia parado. Desses que a gente não quer passar nas férias, mas que acabou sendo um dia de descanso obrigatório, desses bons de botar o papo e a leitura em dia, além de relaxar. Dias perfeitos também pra sua criatividade correr  solta...foram muito vídeos nesse dia!

 Dia 4

Dia 24 foi dia de sairmos do Preá (note que é “do Preá”, e não “de Preá”) e irmos para Jeri (não é Jericoacoara, é Jeri). Acordamos com um dia bonito, solzinho dando as caras de novo. Tomamos aquele café caprichado e fomos dar uma volta na praia. Sua vó ficou na pousada fazendo os telefonemas de felicitações pelo natal, então fomos nós três em direção ao oeste. O caminho foi bem legal, com você andando com vigor e com ótimas conversas. Quando chegamos perto de um barquinho, passamos perto de umas pedras e nos distraímos – você estava tão à vontade que nem pensamos que você não iria desviar das pedras. Mas, descalça, passou por cima de umas pedrinhas chatas e logo começou a chorar, com três pequenos furinhos no pé. Nada de grave, mas o suficiente para doer e deixar você um pouco chateada com a gente.

- vocês deviam ter segurado a minha mão.......

Sim, você sabe cortar nossos corações com golpes de cutelo.




Mas logo estava tudo bem – bastou levar você de volta, debaixo do sol, na areia, de cavalinho. Sem reclamações, faz parte. Chegamos na pousada e me dei uma Heinken de presente por essa. Logo em seguida tomamos banho, arrumamos as malas e finalmente fizemos o check-in (hahaha). Hotel pago, tudo certinho, pegamos o transfer para Jeri. 

Para entrar em Jeri, é preciso pagar Taxa de Preservação (não necessária no Preá). 

No caminho, pausa na árvore da preguiça para uma foto. 



Ventaaaaaa muito!

Nessa parte final do transfer, de repente o dementador sugou sua alma e tudo se transformou, com uma crise pesada de mau humor. E, ao chegamos em nossa nova casa, no condomínio Serrote Breezes, um Air BNB, tudo se transformou de novo – a doçura reinou. 5 minutos depois, o caos voltou. Vida com criança é assim mesmo, uma montanha russa! Fomos almoçar e, depois de estar de barriga cheia seu humor voltou a se estabilizar. Ufa.

Alugamos pelo AirBnb um ap de 2 suítes no condomínio Serrote Breeze (R$ 3.184,18 por 5 diárias).


Indício forte de civilização.

Deixamos você e sua vó em casa e fomos fazer umas compras, pois agora temos cozinha. Compras feitas, voltamos para casa e, mais tarde, saímos para ver a praia. Passamos antes por uma Americanas para comprar toalhas de praia, que não estavam disponíveis na nossa casa, e você ganhou uma LOL da vovó.

Chegamos à praia com o sol já se pondo e nos encantamos com o lugar. Praia cheia de vida, com gente praticando esportes, animação total. Passeamos um pouquinho e paramos para comer em uma cantina bem bonitinha. A comida foi ótima, apesar de o dementador ter ido nos visitar uma hora por lá.

Por fim, fomos para casa curtir um natal super light. Você ficou novamente com o melhor humor do mundo e ficou abraçada comigo vendo desenhos até a hora de dormir.

Dia 5

Dia 25, dia de Natal!

Mamãe acordou super cedo e foi correr até um monumento natural chamado Pedra Furada. Tomou um tombo leve e passa bem! Enquanto ela estava correndo, eu e a vovó acordamos e fomos tomar café da manhã – café, leite, pão e ovos. Logo mais você acordou e sua mãe voltou da corrida, a tempo de tomarem o café juntas.






Depois de todo mundo estar alimentado, fomos para a praia. O mar estava bastante baixo e foi bem divertido ficar brincando com você. Jogamos terra preta uns nos outros, vimos um siri morto e várias conchas com seus respectivos bichinhos vivos. O sol estava forte pela manhã. Ficamos uma hora brincando e depois voltamos para o restaurante onde tínhamos pego uma mesa. Quando chegamos, o restaurante ainda estava fechado, mas as cadeiras estavam disponíveis. Sentamos na cadeira mais perto da praia – que estava bem longe da água, pois o mar estava seco – mas era um ótimo lugar. Quando o restaurante abriu, às 11h, o serviço teve início, assim como a cobrança. A mesa custava 150 reais, mas podia ser integralmente convertido em consumação. Acabamos pedindo algumas bebidas e entradas e logo isso foi atingido. Compramos também um pacotinho de castanhas de caju de um vendedor ambulante por 20 reais.

Depois que a gente voltou pra barraca após a hora no sol, você brincou um pouco na areia e depois saiu para fazer castelinho de areia com sua mãe. Ao retornar, enquanto a gente comia, você fez um tererê no cabelo. Podia escolher três cores e sua seleção foi rosa claro, rosa escuro e lilás. Ficou bem bonito!


Após o almoço, começou uma chuvinha beeem leve e voltamos para casa. Bom momento para descansar um pouco. Tomamos banho, vimos desenhos e relaxamos até o meio da tarde, hora perfeita para voltar para a praia. 

O sol estava se pondo e o entardecer estava lindo. Sentamos em uma colina na ponta noroeste de Jeri (deve ter um nome específico para esse lugar) e ficamos curtindo a vibe. Que vibe!!!

Muita gente na água, cada um em seu esporte. Surfe, stand up paddle, kite, wind e uma modalidade que não sei o nome, onde o velejador usa uma prancha unilateral com foil e segura uma vela parecida com o kite diretamente com a mão, sem cordas.








Teve uma hora que vc quis fazer xixi e a mamãe foi te levar num local mais afastado, já que não tinha banheiro perto. Mamãe deu as instruções de como fazer xixi agachada sem se molhar toda e até que deu tudo certo. O xixi pegou só no tênis. O problema foi q começou a ventar forte, o vestido da mamãe subiu, ela gritou, vc gritou junto, se desequilibraram, o xixi caiu mais ainda no tênis, vocês quase caíram. Foi um comédia. Ao contar a história pro papai e para a vovó, você disse no final: foi um pesadelo, só que na vida real.

Após o fim da tarde, caminhamos pelas ruas até a praça central de Jeri onde logo você fez alguns amigos. Aproveitamos para deixar você brincar um pouco. Fiquei contigo enquanto mamãe e vovó passearam um pouco para ver as lojas.




Depois de passarmos um bom tempo por ali, fomos jantar em uma hamburgueria chamada 567 burguers, bem gostosa. Noite fechada, fomos para casa.

No caminho para casa eu te levei de cavalinho. Fomos conversando e você disse que estava amando a viagem, se divertindo muito, que estava adorando tudo. Perguntei se havia algo que você tinha gostado mais e a resposta veio: a parte que eu mais amei foi fazer castelinho de areia. Fiquei todo feliz, pois tinha passado horas fazendo castelos elaborados e tentando te ensinar os conceitos por trás de uma estrutura de concreto com armação de aço, mas você logo complementou. Papai, não estou falando de quando eu fiz castelinho com você.... eu amei fazer castelinho com a mamãe. Toma... hahaha. Logo em seguida você atenuou dizendo que também gostou de fazer comigo.

Aproveitei para perguntar no que eu podia melhorar.

- Filha, o que você não gostou muito de quando a gente fez o castelinho? Me diga para a gente poder melhorar.

- Mas papai, isso é impossível. Isso está no passado, e o passado é impossível de ser mudado.

Dei um sorriso e me diverti com sua demonstração de genialidade. E a noite ainda prometia mais. Quando chegamos à nossa casa, você começou a cantarolar alguma coisa qualquer. Peguei o violão e comecei aacompanhar com um ritmo e uma sequência básica (I-IV-I-V). Ficamos vários minutos tocando e cantando, com você inventando a letra na hora, mas tendo um refrão como porto seguro de passagem. Esse seu talento é real, tomara que a gente saiba usá-lo para a sua felicidade!

Dia 6 

Dia 26, dia cheio!

Acordamos e tomamos café em casa. Às 9h, o guia Sandro veio nos pegar de buggy para um dia cheio de aventuras. Fomos para a região oeste de Jericoacoara, região de dunas e diversão. O buggy desceu por encostas íngremes, naquele já clássico “passeio com emoção”. Você se divertiu bastante.



No meio do caminho havia uma travessia de rio em balsa, e por ali havia um passeio para ver cavalos marinhos. Navegamos um pouquinho e logo apareceu um. É sempre legal ver esses peixes tão diferentes.

Seguimos nosso roteiro passando por Mangue Morto, uma região bonita, mas tenebrosa. Parece um filme de terror – uma boa iluminação e trilha sonora faria qualquer pessoa morrer de medo.



Chegamos então à lagoa onde almoçaríamos. Lá há uma encosta imensa com um plástico, formando um grande toboágua. A 20 reais por 3 descidas, encarei e me diverti bastante. Bem, exceto na hora de subir de volta, que era uma canseira.



O almoço foi um ótimo peixe, com um cardápio “ao vivo”. O vendedor traz os peixes já limpos pra gente escolher e dá o preço na hora. Não havia cardápio escrito, nem mesmo para as bebidas, o que me deixa ressabiado. Porém os preços eram os típicos da região, então não me senti enganado. E o peixe, como já disse, estava excelente e muito bem servido.

Nessa hora, ficamos um pouco sem noção de o que fazer. Voltar pra casa seria perder o fim do dia. Como mamãe tinha ficado bastante ressentida de não ter conhecido o Alchemist, lá na Jijoca (a leste de Jeri), perguntamos se não dava para já resolver essa pendência! E deu super certo.

O caminho entre as duas regiões era beeeeeem longo, e você aproveitou para dormir um pouco.

Colinho de vó mais precioso!

Chegamos ao Alchemist Beach Club, que é um clube super chique e badalado. 35 fazueles para entrar e sorrir. Se quiser sentar em cadeiras top, perto da praia, mais 100. Preços salgados, mas bem correspondidos pelo local. Tudo lindo. Ficamos por lá, você logo fez umas amizades e pode mostrar toda a sua capacidade de montar castelinhos de areia. Enfim, sucesso.













Na volta, mais um soninho. Chegamos em casa cansados, tomamos banho e fizemos janta. Macarrão e frango. No meio do processo você recebeu uma rápida visita do dementador, mas logo você estava linda e fofa de novo. Dormimos cedo, pois o dia foi ótimo – mas puxado.

Dia 7

Dia 27, e hoje foi o meu dia de madrugar para ver a Pedra Furada. Acordei umas 5h50, coloquei a roupa de correr e sai. Mas fui andando mesmo, porque correr dá muito trabalho. Haha. Até tentei correr um pouco mas o começo do trajeto é uma subida de uns 500 metros com chão de areia. Muito sofrimento. Alternei um pouco de corrida e caminha e logo cheguei lá, pois estávamos a apenas 2km do local. O trajeto todo é bem tranquilo, exceto os 300 metros finais – um barranco bem íngreme, daqueles que fica no limite que dá pra fazer sem usar as mãos como apoio. A tal pedra é muito bonita e rende boas fotos, e esse é o problema.... as pessoas ficam tirando fotos, conferindo, posando de novo, conferindo de novo e por aí vai. Em época de Instagram, todo mundo quer a foto perfeita naquele local naturalmente instagramável.




Voltei pra casa, vocês acordaram e tomamos café da manhã. Depois fomos pra praia. Mamãe e vovó ainda estavam terminando de se aprontar, então fomos nós dois na frente. O sol já estava ficando quente, apesar de ser cedo, então cacei uma árvore com sombra pra gente. Era em uma ponta da praia mais focada em surfe e nossos vizinhos já estavam, logo cedo, fumando conteúdos ainda não legalizados, mas tudo bem.

Transformamos você em uma linda escultura de sereia e o resultado foi um sucesso! Depois de curtir a praia, tomamos um suco de caju em um bar ali perto e, quando deu a hora do almoço, comemos um PF honesto na Rua do Forró. O prato com frango acebolado custava apenas 18 reais, o que é uma pechincha para um local turístico.





Às 13h30 nosso guia Sandro veio novamente nos pegar, dessa vez para passarmos a tarde na Lagoa Azul, uma espécie de parque aquático. Passeio divertido, passando por Preá. O parque da Lagoa Azul fica na Jijoca e demanda uma pequena travessia de barco usando uma grande jangada. O parque é simples, mas eficiente. Escorregadores e toboáguas suficientes para entreter uma criança de 5 anos, e você se divertiu bastante.

Voltamos para casa no entardecer. Você dormiu no caminho, pra variar – mesmo com o carro pulando igual a um touro mecânico. E dormiu pra valer! A gente queria jantar sushi em um restaurante super bacana daqui, mas não conseguimos te acordar. Sua avó saiu para passear e fazer compras e a gente acabou indo dormir, torcendo para que seu sono durasse a noite toda. Não durou – às 02h você acordou com a corda toda, divertidíssima, contando histórias sem parar. E assim foi.

Dia 8

Dia 28, depois de você acordar às 02h, junto com a pobre da vovó, te levamos pra sala. Mamãe acordou para ficar contigo e eu voltei pra cama. Às 05 e pouco, eu levantei e trocamos de papéis – sua mãe foi dormir e eu fiquei contigo.

Desenhamos, tomamos café da manhã e vimos desenhos. Lá pelas 08, você ficou um pouco chateada e logo a vovó veio te socorrer te convidando para ficar na cama dela brincando com algum jogo eletrônico. E assim fomos empurrando a manhã até umas 09h30, quando saímos de casa para tomar café da manhã (de novo) em algum lugar legal. Fomos à Casa Lotus, ambiente charmoso e com pratos bem gostosos. Era um lugar meio distante e o sol estava castigando, mas para a nossa sorte descobrimos que dava pra voltar em um transporte público gratuito que faz o transfer do estacionamento para o centro da cidade. Conseguimos usar esse transporte e você adorou, dizendo que era mais divertido que o buggy. 

Descemos na rua onde ficava a loja do vestido que sua mãe queria comprar, local onde você fez muito sucesso algumas noites atrás dizendo pra todo mundo que passava por ali que “a minha mãe pre-ci-sa desse vestido”. Pois bem, voltamos para comprar o tal vestido. Enquanto mamãe provava, você aproveitou e ficou dançando na frente do espelho, se chamando de bonitona. Um verdadeiro show.

O vestido!


Dançando na frente do espelho

Em seguida fomos comprar alguns biscoitos para presentear uns amigos e o relógio já batia umas 11h. Como a gente queria fazer algum programa de tarde e você tinha acordado às 02h da matina, achamos melhor retornar pra casa para você poder descansar. Chegamos em casa, banho rápido e cama, bem cedo, antes de 12h.

Enquanto você dormia, saímos para almoçar na cantina do primeiro dia, e também dormimos nos intervalos. Eu consegui dormir bem. Às 16h chegou o nosso transporte para irmos pra Aiolos, onde ia acontecer uma festa de pré-reveillon no sunset. 

Lia fotografando a vovó


Esquema bem bacana, com DJs, pirotecnia e coisas assim. Uma das atrações era um percussionista que se vestia com adereços indígenas (pintura facial e um grande cocar) e ficava acompanhando o DJ. A base era a música eletrônica e ele tocava os atabaques e bongôs por cima, dando uma textura bem legal. E, por cima de tudo, apareceram dois malabaristas, desses que usam tochas no lugar de malabares – e como era noite, os movimentos ficavam lindos.







Ficamos lá até umas 22h. No meio da festa, demos uma fugidinha para conhecer o restaurante Quintal do Dênis, que fica bem perto da Aiolos. O lugar ficou famoso quando foi reformado pelo programa Caldeirão do Huck (na época o Huck era o cara dos sábados e o Faustão era o do domingo). Restaurante bem bonitinho, com um projeto luminotécnico de respeito – todo mundo fica com cara de golden hour lá.

Depois da Aiolos, volta pra casa de buggy, de noite, pela estrada rural que liga Preá a Jeri. Você veio acordada e se divertindo. Na chegada, apareceu um gatinho super carinhoso e dado que ficou nos seguindo e se esfregando. Você o chamou de Miudinho e se apaixonou por ele. Infelizmente tivemos de abreviar esse amor quando chegamos à porta da nossa casa, pois não dava pra convidar o bichano pra entrar. Faz parte.

Dia 9

No dia 29, acordamos para nosso último dia de viagem e fomos fazer aquela clássica limpa na geladeira. Comi umas sobras de frango com pão, você comeu seu já oficial pão com clara de ovo e tudo foi indo bem. Tínhamos de deixar a casa ao meio-dia e sol estava tão intenso que deu uma preguiça de irmos para a praia. Mas lembramos da Igreja de Pedra que tínhamos visto no dia anterior e achamos que seria um ótimo programa para o período – passeio rápido, perto, sem esforço. Mas o cansaço acumulado da viagem bateu forte no meio do caminho e acabamos parando para um reforço do café em padaria (que não foi bom) e depois você tomou um picolé. Esse picolé era mágico e transformou o seu humor – de uma garota cansada, se tornou a pessoa mais divertida e amorosa que o universo já viu, e isso durou até você ir pra cama dormir em Brasília.

Montamos as malas e almoçamos no Dona Amélia, um prato muito bem servido de moqueca. Em seguida, mais um sorvete (o dia estava extremamente quente), algumas brincadeiras na pracinha e pronto. Depois disso, só deslocamento até chegar em casa.

O transfer nos pegou às 15h e chegamos no aeroporto perto de 16h. Voo para Confins de 17h40 às 20h30. 


Em Confins tentamos jantar na sala vip, mas a fila estava insana. Desistimos e fomos a um Sport Bar com preços típicos de aeroporto (ou seja, caro). Por fim, trecho final de Confins para Brasília, com chegada às 23h50. Como mamãe está bem ranqueada no cartão de crédito da Azul, ela agora tem direito a um desconto bem significativo em um novo serviço de transporte chamado Safer, que me pareceu uma releitura do antigo Uber Black. Carros imponentes e motoristas polidos. Bom jeito de fechar a viagem, e por um preço camarada. O desconto é fixo em 60 reais e a corrida daria 91, então pagamos 31. Sim, o serviço é tipicamente bem mais caro que o Uber, cuja corrida seria uns 50, mas com o desconto valeu a pena. Sua avó, nossa parceira oficial de viagens, foi para a casa dela de Uber.

Chegamos em casa, Pipoca louca de saudade. Banho rápido, historinhas na cama e logo você estava dormindo como um anjo. Mais uma viagem juntos, mais uma em que você se divertiu muito. Que venham outras.

Te amo, filha!